Verdades Inverossímeis

Será, mesmo, que só acontece coisa ruim pelo mundo? É só parar e observar: todos os meios de comunicação fazem questão de usarem seus espaços voltados à informação com desgraça. “Fim de semana trágico nas estradas brasileiras”; “Jovem é assassinado por traficantes”; “Escândalo no Congresso”; “Estudo revela que arroz com feijão dá câncer”... Poxa vida, onde estou, quem sou eu, então? Que mundo é esse?

Não que eu seja contra a publicação de notícias ruins – aquelas que estragam o dia, mas com razão. É interessante que a população fique sabendo o que há de errado com a sociedade, mas o que adianta criar pânico e apatia? Desgraça o dia inteiro também não, oras!

Tem gente que entra em depressão se assiste a muita televisão. Alguém que passa horas por dia dando atenção aos telejornais e à programação das tardes de muitos canais se torna pessimista e toma para si uma visão de mundo extremamente limitada. Fica tomado por medos e angústias que não são fruto de suas experiências.

A fórmula da desgraça ao invés de instigar atitudes torna as pessoas cada vez mais reclusas e apáticas. Todo mundo tem medo de todo mundo. E mais, se muita informação ajudasse em alguma coisa os políticos não seriam corruptos, as drogas não existiriam mais, as favelas seriam lugares tranqüilos para viver, as estradas teriam, no mínimo, quatro pistas bem sinalizadas, não precisaríamos desviar de buracos e os motoristas, claro, não beberiam antes de dirigir e não passariam de 100km/h.

Existe muita preocupação em informar e esclarecer a população, mas nem todo mundo precisa ou quer estar informado sobre o que não lhe diz respeito. Imagine uma hipotética Dona Maria da Silva, dona de casa, mãe de três filhos que reside em “Mariópolis”, uma cidadezinha do interior de algum lugar. O que interessa para ela saber se a bolsa caiu ou se a Palestina está em guerra? Se cada um tem uma realidade diferente, como, então, mostrar a realidade de todos em algumas páginas de jornal ou alguns minutos de televisão e rádio?

Este excesso de informação, assim como tudo o que é demais, faz mal.

Por que não equilibrar o conteúdo das notícias? Uma metade da página de notícias ruins e a outra de notícias boas. Um bloco de tragédias e um bloco de alegrias. Ninguém nunca pensou em fazer isso ou ficam com medo de não vender ou de perder audiência?

Nem todo mundo gosta de desgraça!