Mulher palestrante

Ela chegou devagar...ninguém notou sua chegada, entre outras que completava as 239 pessoas que acompanhava atentamente a palestra

sentou na última cadeira da terceira fila, a palestrante estava em

suas considerações finais, estava falando da importância dos pais no crescimento da criança a presença diária deles, a ausência, a educação e no acompanhamento nos estudos.

Na ocasião alguns ouvintes se sentiram verdadeiros heróis, outros cegamente verdadeiros “Pailhaços”. Mas ela continuava a sua palestra que também já estava no fim, quando de repente, parou pausadamente com sua bela voz, fez um sinal de cansaço sentou, baixou a cabeça, apontou com o dedo e falou para o opulento da primeira fila, “somos hipócritas, somos mentirosos e sensacionalistas...Jurandir seu popularesco, seu rico pobre, ou seu pobre rico”...a Aninha não sabe quem é o pai dela, se é o seu Farias nosso motorista, que a deixa na escola todos os dias ou seu Santiago que leva ela pra o curso de inglês todos os dias na central de idiomas. Eu não posso lhe culpar de tudo...de olhos fechados começou a falar “sou falha” também! Gente! Eu não posso mais exercer minha função de psicóloga, não posso mais, não consigo mais uma vez, ter que sair dessa porta, sem mostrar a verdade, de aconselhar e incentivar pessoas, mas vivendo o contrário do que digo. A Aninha quando adotamos ela, só tinha 5 anos de idade, passado esses 11 anos eu não conseguir ir na praia com ela e nem se quer uma tarde no shopping, semana que vem estarei em Portugal...não estarei mais...estaria! pois não vou jogar contra mim mesmo.Quando adolescente sempre ouvia minha mãe falar “filha não deixa o mar te engolir”, você tem duas pernas e dois braços pra nadar e conseguir chegar na praia, cresci ouvindo isso dela...nadei...nadei estou aqui, nessa praia. Mas não vejo nenhum coqueiro pra matar minha sede...levantou, abriu os olhos e uma lágrima caiu do seu olho, e ela de tristeza começou a chorar.

De repente alguém se levanta lá de trás. Da terceira fila pra ser mais preciso, e fala em alta voz...”Mamãe eu estou aqui...eu estava sempre aqui” desde do início, eu sempre te acompanhei nas suas viagens, o papai pagava todas as minhas passagens e lá estava eu...como aqui estou, Eu te amo...sempre te amei, minha Rainha, amiga e companheira...estamos juntas nessa “ilha” na tristeza e na alegria. Pra quem não me conhece meu nome é Aninha...filha dessa psicóloga, a minha mãe querida.

Dobson dos Santos
Enviado por Dobson dos Santos em 18/11/2008
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