A volta da inquisição
Ainda se fala, muito se fala na verdade, e ao que parece ainda vai se falar muito mais sobre o ano de 1968, que dizem, ser o ano que não terminou. Não é segredo para ninguém sobre o dito ano de movimentos globais pela liberdade, movimentos de estudantes na Europa, conflitos raciais acirrados na América do Norte, privações de liberdade na América do Sul. Que continuam até hoje disfarçado de democracia, deve ser por isso que o ano fatídico ainda não terminou.
Depois de milhares de achaques na nossa liberdade pelos homens fardados nos vinte e um anos de ditadura militar, uma apoda democracia apoderou-se das sobras, nos achacando dentro das normas ditadas democraticamente no ano de 1988, chamada de constituição que delibera poderes irrestritos ditatoriais pelo administrador mor da nação eleito pelo povo, que nunca fica sabendo o que acontece pelas suas costas.
Agora um acordo feito no vaticano, a portas fechadas, os democráticos governantes do Brasil impõe um conjunto de leis versando sobre a igreja católica no País. Assinado sem consulta popular e inconstitucional, discriminando e classificando o cidadão Brasileiro em duas categorias, tais quais o terceiro Reich.
As conversas existentes entre o Papado e o governo federal acontecem desde o mandato de FHC em 2000, embora oficialmente se afirme que a proposta foi enviada pelo vaticano e discutida a partir de 2006. O direito de livre expressão do cidadão foi jogado no lixo junto com a constituição e seu inciso número cinco.
Num dos artigos o vaticano impõe o ensino religioso obrigatório nas escolas públicas, num retrocesso medieval. No Brasil o ensino religioso é facultativo, devido à diversidade religiosa aceita no país, considerado um paraíso, diante de tamanha liberdade de crenças. Claro que, sempre tendo algumas pendengas mas, normal, como nas melhores famílias. O governo brasileiro maquiou o artigo, onde dizia obrigatoriedade, foi acrescentado a expressão “outras confissões” ao texto e justificou: para assegurar "o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação".
Feita de uma forma autoritária e na melhor negociata de traficantes, acabaram com direitos adquiridos arduamente, com sangue e suor, democraticamente. Você poderá obter mais informações neste endereço:
http://www.mre.gov.br/portugues/imprensa/nota_detalhe3.asp?ID_RELEASE=6031
onde está o acordo na integra. No fim, uma brecha legal, como todas as leis, fica uma porta escancarada para a ICAR meter a opinião atroz desta pútrida entidade nos rumos das nossas vidas. O governo assinou uma carta branca, dando liberdade total à igreja intervir em leis dentro dos preceitos falidos do Papado, sem integridade moral, calcado em mentiras monumentais e negócios escusos como o tratado de Latrão, para dar um exemplo.
Lutamos há séculos pela igualdade e agora vamos ter classificação? Cidadãos de primeira classe, os católicos e os de segunda classe, os não católicos. Acaso seria o inicio de uma nova inquisição? Ou a ICAR não quer falar sobre o assunto? Varreu para debaixo do ouro que forma o tapete do vaticano? Vamos arder numa fogueira ou vamos para a cadeira elétrica? Creio que será a primeira, já que retroagir é a regra.
Além disso, a arte sacra de muito valor, diga-se de passagem, que admiro e visito, passará a onerar o estado, mesmo que faça parte da fortuna incalculável da Igreja. Mais um achaque institucional no bolso combalido do cidadão brasileiro. Dinheiro este que poderia ser usado para criar escolas e melhorar a educação, mas isso não é interessante, pois desfaz dogmas e revela a verdade. Quem vai mandar no país é uma entidade que desrespeita as leis e “patrola” o individuo. Desconhece o pensamento livre, tenta arbitrar até todas as ações do cidadão, amordaça seus servidores (servos), que não cumpre as normas da CLT, enfim, não respeita a autonomia da republica, e não merece um pingo de nosso crédito.
Agora o projeto vai para o congresso nacional, para apreciação dos deputados e senadores, velhos lobos, que são, na maioria, carneirinhos diante destas questões desta magnitude. É preciso uma grande manifestação popular para vetar essa vergonha evitando que haja um retrocesso ao Brasil imperial.