O culto à forma do lado de fora

Houve um tempo em que magreza era sinal de doença e que corpo robusto previa que a pessoa dispunha de muita saúde. Nem tudo desse tempo estava errado. Quanto à magreza, realmente tornou-se uma doença. E a gordura é hoje a temida obesidade, cujo nome assusta mais que seus riscos.

A necessidade natural que o ser humano carrega de fazer parte de um meio, leva pessoas a cometer atos de violação do próprio corpo. No centro do país há algum tempo, vários meninos usaram de medicação aplicada em equinos para aumentar a massa muscular. Resultado: um menino morreu e os demais ficaram com a saúde debilitada.

Quando o sentimento de aceitação social se extrema e a auto-estima fica confusa, acontecem atrocidades como a anterior. Os jovens não esperam mais que seus corpos encerrem o crescimento. Eles já se mostram, desde muito cedo, insatisfeitos quando se veem diante do espelho. É então que meninas, que não sabendo do perigo que é, praticam a bulimia; fenômeno onde o vômito é provocado após as refeições. Como num vício, elas pensam que conseguirão parar quando atingirem a massa corporal ou o peso desejado. Há casos em que meninas tomam um copo de água e vão conferir o peso. Outro marcante foi da adolescente que, na véspera de sua morte, tendo ela uma estrutura mediana, disse a sua mão que estava muito gorda. Ela pesava 37 quilos.

O que leva essas vítimas a se mutilarem desse jeito é a falta de confiança em suas capacidades. Sejam de ter um bom emprego, de ter amigos, namorados, de praticar bem algum esporte. Sem saber o mal que se fazem, garotinhas mexem nos seios, usam espartilhos e a mais horrível das práticas: estão retirando de seus frágeis corpos, algumas costelas. Sim. Isso para afinar a cintura.

Que tipo de sociedade é essa que escraviza pessoas a um estereótipo de beleza, quando, ironicamente, o belo está nos olhos de quem o vê? É a sociedade onde a mocinha da novela das 20h é magra e todos a amam. É aquela em que usar manequim maior que 38, é feio. É onde pessoas gordinhas são pesadas demais para se suportar. Em vez de sobrar massa muscular a alguns, percebe-se que está faltando massa cinzenta a outros.

O que faz uma pessoa se encaixar no mundo, não são as medidas do lado externo de seu corpo, sua silhueta, é a “grandeza” de seu caráter: sua nobreza.

Ediane Menosso
Enviado por Ediane Menosso em 16/11/2008
Reeditado em 26/04/2009
Código do texto: T1285838
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