O FILME QUE EU NÃO VI

O FILME QUE EU NÃO VI

Marília L. Paixão

Hoje o dia passou sem espaço vago. Das coisas que fiz muito absorvi. Não me vi correndo atrás de nenhum ouro. Não me vi fugindo das minhas próprias pratas. Hoje me dividi, sai por ai, e quando retornei me encontrei inteira dentro e fora de mim.

Hoje não deixei de ter pensamentos nobres. Hoje desejei abandonar doses de silêncio deserto e salvar o dia. Pelas ruas que percorri tive muitas coisas belas para enxergar como certas. O mundo inteiro devia andar por ruas assim e poder se entregar para a literatura com vistas novas. Não deviam existir ruas de vidas apenas duras. Essas ruas deveriam pertencer aos livros esquecidos nas estantes.

Mas existem... Às vezes é bom fugir delas. Se cada um pudesse escolher ou plantar seu viver. Se cada um pudesse vir ao mundo em tempos de boas colheitas... E ai fiquei pensando o porquê de ás vezes corrermos de filmes brasileiros. É que neles é fácil encontrar do que já vivemos, enquanto em filmes americanos é fácil encontrar do que queremos viver.

Então escolhemos o desejo do que ainda pode ser realizado. Que é melhor que ficar vivenciando o que não se deseja ter do lado. Mas e se não existisse filme americano? E se a vida americana fosse só coisa de filme? O que alimenta o sonho é saber que não é. Tanto não é que mesmo os milionários brasileiros correm e compram uma casa ou em Miami ou em Manhattan.

Por essas e outras temos mais que agradecer aos filmes americanos que enchem os nossos sonhos de graça. Já os brasileiros vivem nos lembrando nossas desgraças. Os amantes do cinema nacional vão odiar esta minha fala. Mas afinal, eu estou sonhando ou estou acordada?! Ainda vai dar meia-noite. Nada transformará minhas havaianas em sapatinhos de fadas. Mas se eu tivesse assistido a um bom filme, eu bem que poderia ir dormir toda encantada.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 16/11/2008
Reeditado em 16/11/2008
Código do texto: T1285767
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