Eu mudo as fotos. Mudo a face. Mudo o cabelo e a expressão. Eu mudo o corpo, ou meu corpo muda à minha revelia. Eu mudo o olhar. Mudo de humor. Mudo de roupa. Mudo de lugar. Mudo de par quando não mais dá para o mesmo amor amar. Mudo de idéia. Mudo de opinião. Mudo a música preferida, de acordo com o momento vivido, sem das outras deixar de gostar. Mudo de canal. Mudo de autor predileto. Mudo a visão ao alargar o olhar. Mudo de cama. Mudo de dor e  mudo de cor.

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Ao mudar cresço ou ao crescer mudo. No entanto, percebo que mudando diante da necessidade natural de me renovar, a minha essência permanece a mesma.
 
Quando disse que o " o essencial é invisível aos olhos", uma das suas mais belas frases, Exupèrie, traduziu suscintamente a supremacia do SER sobre o PARECER SER.

É  no no Self,  nosso reservatório espiritual invisível,  que armazenamos o temperamento, a formação, a memória genética, o caráter e os princípios que nos norteiam vida a fora e que dificlmente se alteram.

Essa reflexão veio à tona hoje quando li um depoimento sobre mim, no Orkut, escrito por uma amiga de adolescência.  Simone morava perto de minha casa, estudava na minha sala. Ela e Carlos, seu irmão, eram meus  amigos e da minha irmã.

Não nos vemos há mais de 15 anos. Simone mudou de cidade. Continua casada com o primeiro marido. Eu me divorciei. Muita coisa se modificou, mas ela me descreveu  como eu gostaria de ser vista. 

Claro que há generosidade nas suas palavras e as aceito, porém o mais importante foi perceber que apesar de ter trilhado outros caminhos, de ter caído e levantado muitas vezes, de ter machucado o coração e de viver refazendo  sonhos, em essência, àquela menina de 16 anos ainda mora em mim, mulher de quarenta e seis.


Abaixo o testemunho de Simone Dantas, que me fez  muito feliz e por isso compartilho com quem vier a ler. Só aviso que me levar para uma ilha deserta não é recomendável, prefiro o conforto urbano e  às vezes gosto de me recolher  o que  em uma ilha ficaria dificil. 
Talvez seja um ato de auto-afirmarção dos mais explícitos.  Não me constrangi ao postar, mas pode ser que mude de opinião.

Simone:

"Veca é uma pessoa sensacional, daquelas que a gente levaria para uma ilha deserta e passaria o resto da vida com ela como companhia fina. É alegre, uma alegria que nos contagia, sensível com os outros, preocupada com o bem-estar coletivo, alto-astral, companheira, amiga, honesta, experiente, danada... Ela é tudo isto numa combinação que faz todos que dela se aproximem bastante felizes, bem como presentes numa circunstância agradabilíssima.
Mas o mel não é para todos (porque para alguns ele é veneno), mas para aqueles os quais se relevam merecedores dele, da atenção e do jeito carinhoso que ela tem de tratar as pessoas.
Veca é emotiva, amável e condescendente. Suave, cordial e sagaz. Ama a harmonia e as formas dos métodos persuasivos. É adaptável, tem facilidade de se expressar com qualquer nível de consciência. Ela é gentil, viva! Ela ama aquilo que está além da superfície dos seres e das coisas. Tem um pensamento dedutivo, e prima pela mais pela intuição do que pela razão.
Amiga, te adoro!
Bjs. "

Simone, eu agradeço por manter essa imagem de mim até hoje.
Beijos para você e para os seus.

Veca

Foto: eu aos 16 anos, no carnaval no América, em Natal.
Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 15/11/2008
Reeditado em 20/11/2008
Código do texto: T1285594
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