Noite e dia de Luar
-Foi-se o dia de todo o mal por sobre a Terra. Os dias quais o dia reinava, solene com suas brancuras ofuscantes e inebriantes, repletos de todo o opróbrio lascivo do guerrear constante. Foram intensas as batalhas tidas em vão, gigantescas foram as perdas desnecessárias, mortes sem ter uma aparente explicação! Estas são as marcas as quais os dias de sol e brancura deixaram por sobre nós e por nossas terras. Marcas tais as chagas pútridas e fétidas de um leproso, lastimoso e temerário à morte. Mas nós, digo-te aos vossos e nossos corações, nós rejeitamos a morte, mesmo a morte honrada de um dolente o qual lutou até os últimos de seus dias contra a doença fulminante, nós não almejamos ou intentamos um fim, e sim, queremos obstinadamente um recomeço.
E se nós tivermos de mudar o dia. Se o dia tiver de ser transformado numa noite. Que se faça. Posto esperamos uma noite bela. Uma noite onde a lua esteja com o seu brilhar intensamente celeste, para poder-nos guiar por todos os caminhos quais nossos passos obstinados se entreverem a andar, a caminhar, e também repousar. Que seja ela uma noite de repouso bom, onde exauridos encontremos um refugio benéfico e completo à nossa alma e ao corpo fatigado.
Noite de trabalho, descanso e luz, d’uma bela lua.
Tenhamos então essa bela noite, no lugar do dia de carraras luzidios e ofuscantes, os quais nos fizeram cair até o sendeiro derradeiro da quase morte, ou quase fim.
Tenhamos-na, já que ainda estamos totalmente despreparados ao ocaso, ao anoitecer, ao crepúsculo belo do final do dia, da quase noite. Ou ao alvorecer eterno do encaminhar ao sol e constante dar adeus ao luar.
Falou diretamente do seu túmulo, Zumbi – ou o falaria se tivesse alguma oportunidade de estudo; ou o disse se depois da morte, a teve.