Quem tem medo do ridículo?
Quem tem medo do ridículo?
Já dizia Luís Fernando Veríssimo, “Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo”. Eu, reles mortal, diria: concordo.
Já percebeu quanta energia gastamos para não sermos ridículos? Quanto tempo de vida empenhado em besteira?
Que chatice essa história de ser formal. Afinal, o que é ridículo? Ridículo, talvez, seja aquilo que as pessoas não gostam. Eu diria que as pessoas que não gostam de muitas coisas são infelizes. Veja só: o sujeito nasce e a ele o mundo é apresentado. O que ele tem disponível é o que está aqui e o que surgirá durante a sua vida. Que prazeres este ser terá se detestar tudo?
O grande problema é que temos uma necessidade latente de rotular tudo e todo mundo. Esquecemos que todos somos iguais, humanos por natureza. Todo mundo caga, todo mundo mija, todo mundo coça a bunda, todo mundo tira meleca do nariz, mas todos se comportam com estranheza perante um ato destes. É como se o cara que arrota fosse um extraterrestre.
Respeito é fundamental, mas vai muito além de um peido frustrado. Tem gente que se preocupa com a etiqueta pensando em respeito, mas vive criticando os que são diferentes. Respeito é não humilhar, não oprimir, deixar cada um livre para ser o que é ou o que quiser. Viver e deixar viver, sem se preocupar se a bolsa combina com a calcinha, se fulano é hetero ou homossexual ou se beltrano acredita em Papai Noel.
Ridículo é aquele que não entende que é humano como todos os outros. Que não tem fantasias, sonhos, idéias mirabolantes, que não sente necessidade de ser amado e de tratar as pessoas com carinho. Parece piada, mas é mais aceito pela sociedade dois marmanjos se batendo do que um casal de namorados se beijando. Que pudor é esse, oras?
E o que seria da vida se não tivéssemos motivos para rir? Rir de si mesmo, rir despretensiosamente. Gargalhar de coisas idiotas, fazer bilu-bilu para uma criança, chamar a pessoa amada de “mô-mô”. O que há de ridículo nisso?
Quem te acha ridículo é o verdadeiro ridículo, porque é na cabeça dele que está o feio, não na sua. Todos os problemas que os outros vêem em você são, na verdade, problemas deles mesmos. As pessoas têm a necessidade de enxergar nos seus semelhantes as suas inquietudes. É uma forma de consolo saber que não se sofre sozinho.
Portanto, não ter medo do ridículo é aproveitar a vida com o que ela tem de melhor. Ser quem você é fazer o que você quiser. Bonito, mesmo, é ser autêntico e tudo o que vier de um humano não deve provocar estranheza porque somos todos humanos também!
Quem tem medo do ridículo, hein?