Na sombra da morte,
Uma vida entregue à sorte,
O futuro incerto apunhalando vem,
Ao ver passar as vidas em recorte
Das fagulhas, das alegrias e das feridas,

Acenderem em desdém.

Na sombra da vida,
A morte revela-se iminente
Num jardim até então apático e morno
Fazendo, súbito, repensar na vida o sentido

Do tempo abusadamente vivido
E as tristezas, como o trigo a ser pão,

Estará pronto para o forno.

Na sombra do nada,
Onde o tudo no todo é apenas uma experiência efêmera e alada
Dialoga consigo, rebusca o tempo e o espaço
Se afirma como a dúvida que sempre existiu
E encara o significado de tudo

O que quero e o que faço.

Na sombra da morte,
Esta acalenta e dá sentido à vida
Que é sombra, mas que ao final,

Se afirma no que lhe sobra:

Na sombra do nada!


Brasília, 14.11.2008