Vídeo do Estupro da Ética com Som

VIDEO: A BASE DA QUESTÃO - Há algum tempo, Walter Clark (criador do padrão Globo de qualidade) ao ser indagado do porquê de na TV brasileira não haver muitos programas educativos, respondeu que a televisão comercial depende de grande audiência para ter grandes patrocinadores e que programas ditos “educativos” (ou mais “éticos”) são em nosso país rematados fracassos. Não à toa os “telecursos” são relegados aos horários mais esdrúxulos possíveis. Como avaliação, podemos concluir que a audiência da televisão no nosso país é uma das mais infames do planeta. Destarte, mantém-se um círculo vicioso: a ética da audiência não melhora porque os programas não melhoram e, também, a ética dos programas não melhora porque a da audiência não melhora. Portanto, é contínuo o “estupro” do vídeo.[estupro, s.m. atentado ao pudor, cometido com violência; (Fig.) distorção forçada.]

SOM: A QUESTÃO DO ALARIDO – Muito ruidosos, quer pela massa de acessos, quer pelo volume de comentários (prós e contras) os textos publicados aqui no Recanto acerca de um “clip” veiculado na Internet de um suposto estupro de uma garota, ocorrido no país. Qualquer cidadão, com um mínimo de autocrítica vai perceber que os “campeões de audiência” da Internet, mormente os vídeos, são de gosto duvidoso, senão mórbidos. Essa é uma realidade de nossa cultura (e digo mais: da história da cultura ocidental, porquanto, por exemplo, o que vende jornal no mundo é manchete de catástrofe). Os textos em tela (recentemente notei outros tratando de outras tragédias como o caso da menina Eloá, referindo-se a “fotos”, etc) tiveram uma repercussão proporcional àquela explicação do aludido “gênio da TV”, qual seja de que, o que vai mesmo chamar a atenção da “platéia” é mesmo aquilo que é inerente à própria “platéia”, nem mais, nem menos. Assim sendo, é natural que, num país onde a quantidade de leitores de livros por cabeça é uma das mais baixas do mundo (atravessem a fronteira, por exemplo, da Argentina, e verificarão que há mais livrarias em Buenos Aires que no Brasil inteiro), a expectativa de leitura seja essa mesma. Daí, creio eu, não há “culpa” ou “dolo” de nenhum dos escritores que porventura lançaram mão de utilizar tais assuntos e títulos. Não vai aqui, acreditem, nenhuma censura, tanto aos leitores, quanto aos autores, mas apenas uma simples constatação dos fatos. Espero com isso, na verdade, esclarecer aos mais exaltados, tanto leitores, comentaristas ou não, quanto autores, que não há porquê de se “perder a linha” em função dos acontecimentos. Acrescento que, em minha opinião, devamos continuar escrevendo o que gostemos, de preferência com alguma ética, é claro, mas o importante é continuarmos proporcionando arte.