Televisivo contra a nudez

O manifesto do artista televisivo contra a nudez nos meios de comunicação e diversão de massa parece estranho. A etimologia da palavra “roupa” é bem interessante. Como parece o homem ter roubado a pele dos animais para servir de abrigo em torno do clima adverso: Roupa, raupa, roubo. Vergonha mesmo era passar frio enquanto ainda precisamos achar vergonhoso passar fome. Podemos nos achar vestidos com tatuagem e isso é profundo. Alcança a filosofia. Para estes o instinto é mais velho do que a razão e nos envergonhamos em tais condições como duendes benfazejos expulsos do paraíso. O pior do manifesto, que não li, é que a nudez para alguns, fica melhor, sim, vestida. Ganha também a beleza mesmo no teatro ou na televisão.

Só nos resta tentar convencer o Autor do manifesto de que, por exemplo, algumas figuras nuas, ficam melhores vestidas. Na verdade nenhum ser humano é apenas voyeur de rótulo de uísque e, portanto o lado apelativo. No fundo tudo dependerá de um ponto de vista. O ponto de vista do desejo.

Sabemos que a nudez é apelo mágico da beleza. Prazer que não se esgota no paraíso particular. Paraíso que cada um carrega durante toda a vida. Muitas vezes representado como cilada da vida reprodutiva no ciclo de nove meses. Havia no passado remoto quem achasse imoral andar vestido. Ao tempo de um tal moralista extremado de nome Catão. Aviso: Catão não é palavra despida de moralidade neste texto. O verdadeioro ser é nu, dizia. O corpo é que veste a alma. A alma brinca com o corpo até o esquecimento.

Assim vamos continuar escolhendo personalidades entre imagens, dentro dos limites, em cada roteiro televisivo, sem prejuízo de identificar os atores nus entre inevitáveis ou indesejáveis figuras produzidas apenas pela beleza física. De resto toda miséria humana pode ser exposta nos meios de comunicação.

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