A INFLUÊNCIA DAS DROGAS NO AUMENTO DA CRIMINALIDADE

A INFLUÊNCIA DAS DROGAS NO AUMENTO DA CRIMINALIDADE

ADESG (ASSOCIAÇÃO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA) - “A influência das Drogas no aumento da criminalidade – Com Plauto Roberto de Lima Ferreira Major PM (Assessor da Secretaria de Segurança Pública do Ceará) e Preto Zezé-Rapper e Coordenador da Central única das Favelas do Ceará.

Dando continuidade ao Ciclo de palestras da ADESG (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra) tivemos a apresentação de dois jovens que trabalham em ações sociais e no combate a comercialização e uso de drogas, primordialmente, o Crack. Em primeiro lugar esteve na tribuna depois da abertura de praxe, o Maj. PM Plauto Roberto de Lima Ferreira (Assessor da Secretaria de Segurança Pública). Antes de relatar o que foi exposto na palestra faremos uma meditação: “Nem acusação, nem lamentos. Trabalhemos sempre com mais ardor, esquecendo o mal e fazendo o bem. Emite uma palavra de amor, criativa e consoladora, onde a candeia do bem estiver apagada.” Major Plauto desenhou um esquema bem interessante para se espelhar em sua fala. Construiu um écran com as fases assim delineadas: Fase Experimental e/ou - experimentador como destaque citou a palavra “paquerar”. “Em seguida a fase Ocasional com destaque para ‘ficar” e na Habitual ou Funcional é o namoro onde as coisas se tornam mais sérias.

Dependência ou Disfuncional ligado a sinonímia casar. Fez um breve relato de cada fase associando ao adolescente nas diversas fases da vida. Além dessas nuances focalizou o consumo de drogas e o avanço da criminalidade, as drogas lícitas e ilícitas, a tolerância e a dependência química. O Crack não está presente somente nas classes mais pobres, também já está sendo consumido na classe média e nas mais aquinhoadas. Quanto ao álcool apesar de ser considerada uma droga “lícita”, visto que rende dividendos ao governo, é uma das mais fortes, pois além dos acidentes, atropelamentos com vítimas fatais. É um desagregador familiar e um viés causador de muitas separações. Fala-se em droga lícita, mas é bom que se frise: uso permitido para maiores de 18anos. “Convém colocar ao conhecimento de todos o que representa realmente o “crack”: com o vício do “crack” a dignidade se perde de vez. O dependente fica em um estado lamentável.

A duração da euforia é muito curta. A necessidade da repetição do uso. A dependência química é mais acentuada. A destruição de neurônios é muito maior. O viciado após o uso fica desfigurado. Nota-se a angustia no seu rosto, no seu semblante. A irritabilidade é visível. Osires Silva em seu livro “As Drogas na Família e no Brasil” traz mais detalhado os aspectos deletérios para os consumidores de drogas. O viciado perde, inclusive, a noção de higiene. Não pensa em nada, apenas em conseguir mais uma pedra para mais uma cachimbada. Este vício não atinge apenas as crianças de rua, como mostra os meios de comunicação. Policiais, universitários, mas o comércio de “crack” é maior na periferia, nas favelas. O “crack” é responsável por um grande número de chacinas ocorridas. Geralmente estas chacinas são para acerto de pagamento no tráfico. “O lamentável destas chacinas é que morrem muitos inocentes, que estavam no local na hora do acerto de contas entre traficantes”. Estes matadores são psicopatas.

Para os psicopatas a ciência não tem solução. Mas o problema dos dependentes químicos pode ser resolvido. É preciso desmistificar, ou seja, livrar ou tirar da mistificação. A mistificação é o ato ou efeito de mistificar; engano burla. A droga é um engano uma burla a integridade social do ser humano. É um beco sem saída. Na fase experimental e/ou experimentador o ser só prova, mas não continua usando. Na ocasional usar a droga conforme a ocasião e que normalmente os pais não conseguem descobrir. Na habitual ou funcional o usuário fica mais excitado, nervoso, violento tem prazer e desprazer, apresenta a droga para os amigos, colegas, amigo mais próximo, irmão, primo ou qualquer parente. Na Dependência ou Disfuncional que seria o casamento o negócio se torna mais sério, advindo desavenças, crises, conhecimentos bem estruturados, mais amiúde e crimes.

Da população viciada em “crack”, dos 100% apenas 30% conseguem abandonar o vício, os 70% normalmente padecem até a morte trágica e penosa. O efeito do “crack” como foi citado antes é rápido - e dura em média de 8 a dez minutos, nesse tempo o fumante sente uma sensação “gostosa” bem parecida com a do orgasmo, mas depois vem uma depressão violenta e a procura por outra pedra é eminente.

O sair do ocasional para o disfuncional é um ato retrógrado do viciado. Devida ao vício os menores procuram as ruas, avenidas para roubarem objetos de valor para aquisição de novas pedras. “O Ceará teve o índice de roubo muito grande em virtude do consumo exagerado de ‘crack”. Em São Paulo conforme citou o palestrante o governo fez acordo com o PCC (Primeiro Comando da Capital) para diminuir o consumo do “crack”, pois a força do comando assassino parou o comércio de toda capital paulista por uma semana. Citou a seguinte frase: “Nem todo crime é violento e nem toda violência é criminosa”. Falando em drogas o Rio de Janeiro não serve como referência para ninguém, pois o palco, o écran, o teatro de operações só acontece lá, só lá.

Uma estatística sobre ocorrências atendidas pelo CIOPS (Centro de Operações Integradas do Ceará): Desordem 25.523 percentagem de 11,90%/ Perturbação 21.045 percentual de 10,60%/ Pessoas em situação suspeita 20.921 um percentual de 10,55%/ Roubo a pessoa 18.830 correspondente a 9,50%/ Briga de família 16.294 percentual 8,21%/ Embriaguez e desordem 8.812 um percentual de 4,44%. Um subtotal de 124.824 e um total de 198.385 ocorrências. Encerrando a participação o Major PM Plauto disse: “Afinal, a violência que se assiste hoje é fruto do uso de drogas ou o seu uso é efeito dessa violência? O Ronda do Quarteirão até hoje já efetuou 3.583 prisões e apreendeu 883 armas de fogo. Podemos considerar a palestra do major Plauto como muito - boa. O Preto Zezé começou sua exposição com a apresentação de um vídeo focalizando como o tráfico se desenvolve nas favelas do Rio de janeiro

Falou sobre invisibilidade, os conflitos de jovens da periferia e as mortes ocorridas no Lagamar num total de 32. A maioria dos casos envolvendo jovens está explícita no artigo 155 do Código Penal brasileiro. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia. Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. Acrescido dos parágrafos primeiro e segundo como agravantes. Na Beira-mar 60 adolescentes vivem no local praticando assaltos e todos viciados, é um caso sem cura afirmou Preto Zezé. Citou os programas policiais e que o estado do Ceará ocupa a primeira colocação em horas de apresentações, um total de 14 horas diárias. Sobre o crime organizado é de difícil combate e citou a legalização da droga como uma alternativa não muito boa, sociabilidade, e o combate a injustiça social. Fez um paralelo entre o mundo formal e o informal.

Falou - sobre o envolvimento de policiais no uso e comércio de “crack”, os efeitos da droga muda a rotina e a convivência da comunidade, o número de suicídios é alto entre os viciados. Normalmente o viciado consegue continuar no vicio por 10 ou 13 anos, atingindo esse total os prejuízos são danosos e intermináveis. De um acordo com o governo com o estado de São Paulo o PCC começou a comercializar um “crack” mais fraco e que trouxesse menos efeitos colaterais ao viciado. Que pessoal” bonzinho” esse do PCC. Disse também que enquanto o viciado em maconha fuma uma bala da erva, nas mesmas proporções um viciado em “crack” consome 20 pedras, pois a vontade fumar é constante. A violência sexual está entrelaçada com o grande consumo de drogas e o “crack” está inserido nesse rol infernal.

As escolas seriam aliadas importantes neste combate, mas é preciso preparar os professores para esta tarefa. Uma pena é que os professores estão descontentes com sua situação profissional. Requisitos para o assunto droga: Calma, Picardia (Ação de pícaro, pirraça, partida, desfeita, desconsideração) / - Pícaro (Ardiloso, astuto, velhaco, patife, vigarista, fino, esperto, sagaz), tato, delicadeza, paciência tibetana. Os professores (as) passam mais tempo com as crianças que muitos pais. Professores e professoras mortos por traficantes e viciados mostram o despreparo dos mestres ao lidar com este assunto: drogas. Sinceramente é uma situação triste, é na degradação da família e da sociedade, o governo deveria investir pesado no combate as drogas como fez a Colômbia, enquanto acordos ilícitos acontecerem entre governo e traficantes à população vai sendo dominada e conseqüentemente ficará sem defesa. Será que só Deus resolverá este câncer?

Senhores políticos vamos olhar com mais carinho para as comunidades pobres deste país, aliás, a Carta Magna dá-lhe os direitos e deveres. E por que não se obedece a Constituição nesse país. Adote uma criança antes que um traficante o faça. Os debates foram acalorados, o ponto alto da palestra. As reuniões para ajuda às crianças carentes e abandonadas são jantares pomposos e festas, o ingresso a milhares de dólares cada. Isto não acontece só com entidades nacionais. Entidades internacionais com nomes pomposos: “Fundação para a Infância da UNESCO”, onde aparecem duas Silvias brasileiras famosas: a rainha Silva da Suécia e a baronesa Silva Amélia, este jantar tão propalado aconteceu em Versailles na França. Duas situações ou tônicas tem que ser modificadas: o Objetivo (mudar a qualidade de vida) e a qualidade de vida do menor carente com a criação de Fazendas de Terapias Ocupacionais. O governo preciso fazer a sua parte acabando com a miséria e a fome ou pelo menos amenizando com a criação de empregos para os pais que estão no ócio coletivo.

Antonio Paiva Rodrigues - Membro da ACI e Participante.

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 13/11/2008
Reeditado em 14/11/2008
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