SENTIMENTOS DE BRAÇOS E PERNAS

SENTIMENTOS DE BRAÇOS E PERNAS.

Marília L. Paixão

Depois de tanta chuva a manhã resolveu mostrar a cara. Resolvi logo mostrar a minha para o Dagger também:

-Bom dia, menino rei!

BomDIA! Notei pelo tom de voz que tudo que ele queria do dia tinha acabado de chegar. Ele nem esperou que eu abrisse o buraquinho da caixa e foi logo perguntando: - Você gostou da minha entrevista?! “Eu e todo o mundo” tive vontade de lhe dizer. Mas disse apenas. – Gostei muito! Parecia até que você já tinha ensaiado as respostas. Não deixou nenhuma sem responder e nem ficou com cara de bobo hora nenhuma! Ele riu bem solto e me confidenciou: - Sabia que nem ela sabia as perguntas?! – Ela fez tudo na hora!!! Nenhum passarinho ia saber nada!

- Eu te disse para não se preocupar! Agora como prêmio eu trouxe um breakfast maravilhoso para você... – Você está brincando... rs....rs... – Claro que não! Você não quer um breakfast maravilhoso?! – Mas não cabe na caixa... rs...rs... – Você vai sair daí seu bobinho. – Sério?!

No mesmo instante em que abri a caixa, vários passarinhos foram se aproximando. Dagger levantou a cabecinha ainda de dentro da caixa e olhou a grande travessa com um inteiro bolo de limão, rosquinhas, pãezinhos, achocolatado e suco. Tinha uma trufa especial e umas bolachinhas da padaria do seu Antônio.

Os passarinhos piavam alegremente como se suspeitassem que fosse o aniversário de Dagger. Vi que ele balançava a cabeça não confirmando. Assim que ele se preparou para pular de fora da caixa, tentei adivinhar se ele pularia no bolo. Mas ele pulou um pouco acima do meu olho.

- Você vai convidar os passarinhos para tomar café com você?! – Você quem sabe.

Me lembrei com essa resposta de uns motéis já vistos em pequenas entradas de cidade do interior de Minas. Muitas vezes escrito com pichação ou plaquinha pequena. MOTEL SE QUI SABE. Sempre pensei que os donos destes puleiros que escolhiam estes nomes para estes motéis, não deviam saber de nada mesmo. Tampouco as pobres pessoas que deviam freqüentá-los não deviam mesmo saber.

Mas este não era o caso de Dagger. Dagger sabia tudo. Se Malu perguntasse a ele o significado da palavra motel, ele lhe faria a seguinte pergunta: - No Brasil ou fora do Brasil?

- Pode dizer tudo que sabe a respeito...

- Lá fora é para descansar de uma viagem longa e aqui...

- Pode explicar direitinho,Dagger! - Aqui... É para os sentimentos de braços e pernas.

Por tudo isso eu concluo essa crônica com as diferentes formas de ver o mundo pela janela, lembrando da Rejane Chica e confirmando para a Zélia Freire que a felicidade precisa do amor mesmo sem a notável sábia razão.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 13/11/2008
Reeditado em 13/11/2008
Código do texto: T1281161
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