Presunto fresco aos meus pés.

Se tem um dia que me é de agrado é quarta feira. É aquele dia em que se divide a semana. Parece que tudo passa mais rápido a partir deste dia, o que, infelizmente, inclui o fim de semana também, ou seja, depois da quarta já é quase segunda feira de novo! Olhando por este prisma, já não gosto tanto assim deste dia. E ainda tem mais.

Dia 12/11/2008, Belo Horizonte, Minas Gerais. Aprazível noite, de temperatura assaz agradável, às 20 horas e 30 minutos. Estávamos a rapaziada maneira (Jimmy Cliff Babilônia Chess Mauê, Érico Maravilha, Chulé, Du, Impostor e outros) e eu batendo um animado papo sobre a reprodução assexuada (ou sexuada???) das minhocas d'água de Bangladesh, e como este fator influencia o apetite dos peixes que as comem, em especial o Peixe Gato de Pápua Nova Guiné. Bom, este tema de relevante importância foi interrompido pelo incômodo ruído de um bate boca entre dois marmanjos. Desciam eles a rua, em cuja esquina mantinhamos a dita conversa, quando de repente um dos rapazes sacou um revólver e, sem choro nem vela, efetuou vários disparos contra seu interlocutor!!! Foi um Deus nos acuda! Quando olhei para o lado, cadê a galera??? Deram um pinote tão veloz que dificilmente um Fórmula 1 os alcançaria (exceto os pilotados por um contestado conterrâneo...de nome Rubens...).

O rapaz alvejado parecia um Hércules moderno. Invencível. Inatingível. Eu presenciei com estes olhos que a terra há de degustar ele levando bem uns 6 tiros, mas como corria ainda assim! O atirador corria a largos passos na direção contrária, enquanto isso nosso herói continuava sua inabalável carreira. Imaginei que ele correria por uns 18 km antes de pedir um gole d'água. Ledo engano. Assim que chegou à esquina em que me encontrava (sozinho, depois da Fuga das Galinhas), ele tombou. Nem me avisou que faria isso, o que aumentou meu susto. Sobre meus pés jazia um presunto recém inaugurado. Vendo isto a galera da faculdade, que não perde um auê, foi correndo pra conferir o óbito. Observei atentamente o rapaz. Não respirava, e uma imensa poça de sangue formou-se rapidamente em seu entorno. Tarde demais. Seu tempo esgotou-se, e ele não acertou a pergunta de 1 milhão de dólares. Foi eliminado.

Os policiais chegaram bem depois da multidão de curiosos. Um policial chegou e deu um leve chute no desconhecido, e com toda a experiência e frieza da profissão proferiu: "Este já era". Gênio! Me senti muito esperto, pois cheguei a mesma conclusão sem precisar chutar a vítima. E sem perguntar também, o que aumenta meus pontos.

Fiquei ainda uns 10 minutos no entorno da cena, mas me lembrei de uma importante aula que seria apresentada naquele momento. E, velozmente, fui para a sala assistir um desfile de modas da São Paulo Fashion Week 2004. Ufa!

PS: Todos os fatos aqui relatados são verídicos e passíveis de comprovação devido a imensa repercussão que a imprensa deu ao fato, por ser na esquina de uma faculdade, e ao lado do Batalhão Policial mais importante da cidade. Dentre os fatos reais está, pasmem, o desfile de modas assistido no meu retorno à sala...

Ainda que pareça frio e desumano o tratamento dado ao ocorrido, posteriormente tratarei melhor o caso. Não é digno de risadas, mas a flor que murchou não era a mais linda do canteiro...