CHIQUITA BACANA

Sexta-feira paradona, dia de limpar a caixa de e-mails e esperar por aquele cliente que sempre aparece cinco minutos antes da hora de você ir embora com um pepino urgente que ele esqueceu de resolver desde segunda e não pode esperar até segunda que vem. Contabilizando, novecentos e setenta e oito mensagens, metade vendendo viagra, a outra metade pílulas para o aumento de certa parte do corpo masculino. Ô vida dura! Aliás, se depender dos e-mails, dura e longa. Tão longa como tardes de sextas-feiras, dias em que dá sete da noite, mas não dá seis da tarde, a não ser, claro, que seja feriado, aí o dia voa, você pisca e já é segunda.

Bom, ninguém me ajudou, descobri sozinha: “A palo seco” refere-se a um tipo (na verdade seis) de música flamenca (palos) que se canta “a cappella” (seco). Interessante né, apesar de inútil. Só não faz o menor sentido, meu caro Antonio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes. Vá ter nome comprido assim lá no Ceará, sô!

Meus amigos hispânicos, Jenny Priscilla, Adrian Francisco, Jennifer Patrícia, Patrícia Lorena e Laura Maricélia, todos morrem de pena de mim porque não tenho “nome do meio”. Nossa! Como eu sofro por isso... Pra mim é tudo “Lazagna com feijão”, combina que é uma beleza! Vovó paterna bem que tentou, ou “de Cássia” ou “de Lourdes”, já que o “de Fátima” titia tascou primeiro (que pena...), mas mamãe manteve a lucidez, afinal de contas, no futuro, são os filhos que escolhem o asilo.

Li hoje que nossos digníssimos congressistas fizeram e votaram, e o Sr. Presidente assinou (sancionou? Assassinou?) uma lei que muda as regras da crase. A despeito da ridicularidade semântica, fática e enfática do fato em si, considerando o quão versados em gramática os dito-cujos, convenhamos, nossa língua já não é exatamente fácil em si sem neguinho ficar mudando a torto e a direito pelo prazer de fazê-lo, ou pela falta do que fazer, ou, pior, pela falta de vontade política de fazer o tanto que se tem pra fazer a fim de melhorar (ao invés de dificultar) a vida das pessoas.

E o mundo continua contra mim! Tá lá! Nas costas do blister da pilha alcalina que comprei pr’o meu brinquedinho novo: “Se você engolir (a pilha!), ou entalar dentro do ouvido (Oh lôco! Não é pilha palito!) ou do nariz, procurar um médico imediatamente.”. Fala sério...

Prá quem não sabe, no Chile (antes ou depois de Pinochet, il general, aliás, prá ser exata: Augusto José Ramón Pinochet Ugarte (Ufa!)), não bastasse o necessário nome do meio, é ilegal ter um sobrenome só. Logo, se papai não lhe assume, dobra-se o sobrenome da mãe... Imagina que coisa linda... se fosse no Brasil, quantos Michael Jackson Augusto Silva Silva não teríamos no serviço militar hoje?... Tá pensando que é brincadeira??? Eu conheci, no Paraná, um Walt Disney (escrito: Valdisney, claro) Oliveira Santos. E tenho, confesso, um priminho de terceiro grau chamado Macaulay Culkin. Pôxa, americanizado por americanizado, pelo menos fosse Frank Sinatra, Tom Hanks, Tom Waits, Walt Whitman, Al Pacino...

Mas tem mesmo que avacalhar?????

Dalila Langoni
Enviado por Dalila Langoni em 12/11/2008
Reeditado em 13/11/2008
Código do texto: T1278942