Versos na Madrugada

Mundo doido, este vasto mundo que permeia a cabeça dos poetas.

Já estava incomodando o sono da companheira. Por noites seguidas saia da cama pé-ante-pé e me dirigia à biblioteca. Se é que se pode chamar assim, aquele quartinho feio e apertado. Não havia mais que setenta livros, na maioria adquiridos num sebo da cidade, os quais estavam expostos numa prateleira tosca, que fora encontrada na beira de uma estrada, abandonada como lixo inútil. Foi transportada no enorme porta-malas do ford corcel II ano oitenta e logo sofreu uma reciclagem. Alguns pregos, aqui e ali. Lixada e limpa, um resto de tinta preta no fundo de uma lata, deu o acabamento final. Estavam os espaços divididos em seis casulos.

Páginas de cadernos, restos da faculdade, passaram a receber alguns escritos, resultado das leituras noturnas, que passaram a ser também diurnas, com o caminhar dos meses. E a insônia agora era reinante.

E assim o resultado das leituras, revoando nas idéias provocava-me um estado agripnético, tornando-me um escritor de textos pobres, mas que era o meu prazer momentâneo. Após algumas horas com a caneta na mão, despejava versos no papel e cansado ia dormir. E dormia profundamente.

Quando conheci a vida pregressa do autor Paulo Coelho, relatado pelo próprio, em entrevista a um canal de televisão, onde relatou que o próprio pai havia lhe internado em hospício na sua juventude transviada... Descobri ali que ele ao lado do eterno Raul Seixas, escrevia textos muito loucos... Analisei-os e pensei: estarei ficando esclerosado também!

Foi mais ou menos nesse momento de minha vida que apareceu o computador e com ele a internet, semanas depois. Passei então a transcrever meus textos para a memória virtual da máquina.

Certo dia, encontrei um amigo de trabalho, que também passava pelo mesmo problema, ele indicou um bom hospício para tratar-me e aqui estou eu no “Recanto das Letras.”

Aqui você pode ler a extensão do meu problema, pois, estão postados, uma parcela significativa de meus textos e tenho nos comentários recebidos um calmante sui generis para minha alma perturbada. Também costumo ler outros dementes que internam-se por aqui e os medico com fases de apoio e elogiosa consideração.