(Imagem: La Nevada - Goya)
Música:  Canzonetta - Mozart  )


Educação ou adestramento?

 

 

Nas sociedades antigas o conhecimento e a sabedoria eram passadas de mestre para discípulo, e na totalidade, os discípulos eram escolhidos. Na sociedade moderna, com o aumento populacional, com o conhecimento especializado e fragmentado isso se tornou impossível. Um curso superior nos dias de hoje é composto por várias disciplinas e cada disciplina possui um professor titular, vários professores adjuntos e outros auxiliares de ensino. Nesse caso, o professor titular seria : o antigo mestre. Não acredito, pois, nem sempre o professor titular é o que tem mais contatos com os alunos de graduação, e, além disso, um curso superior é dado por uma enormidade de professores.

 

A figura do mestre e discípulo não tem espaço na sociedade atual, nela o que existe é uma relação educador e educando visando formar profissionais para o mercado de trabalho. Dentro desse objetivo a educação tem cumprido o seu papel. Mas, nem sempre um homem educado é um homem evoluído. Quando se educa exclusivamente para atender as necessidades do mercado de trabalho está adestrando o homem e não fazendo dele um ser evoluído. Quando adestramos um indivíduo o robotizamos e subtraímos dele a capacidade de pensar livremente.

 

As escolas atuais estão erradas? Não! Elas foram criadas para atender as necessidades do mercado, não as necessidades individuais do homem. O homem adestrado pensa e vive a produção e o consumo, por isso, ele é facilmente manipulável pelo marketing e pela mídia, tornando delas escravos. Além do mais, hoje não temos discípulos, temos alunos e os alunos são dígnos desse nome, ou seja, aquele que não tem luz. O discípulo sempre teve uma relação extremamente respeitosa com o mestre, o que não ocorre com o aluno em relação ao professor.

 

A função do mestre nas tradições antigas era fazer do discípulo um outro mestre, um homem integral, um formador de discípulos. Hoje na sociedade moderna, nas Universidades atuais, não existe mais espaço para a relação mestre e discípulo. Mudar a filosofia educacional e de formação profissional vigente de um dia para a noite não é fácil, permanecer como está e a aceitação passiva é um erro imperdoável. Buscar um mestre como nas sociedades antigas é inviável. Então, qual a solução?

 

O homem é uma célula da sociedade, e por conseqüência, da humanidade. Uma célula doentia contamina a vizinhança, que compromete um órgão, um sistema, e, por fim, todo o indivíduo. Por outro lado, um conjunto de células saudáveis confere saúde ao indivíduo como tudo. A solução está em buscar o mestre adormecido que existe dentro de cada um de nós. Usar os recursos da ciência, da arte, da espiritualidade e da filosofia não apenas como instrumentos de conhecimento, de formação profissional e sim de evolução.




A presente crônica faz parte de uma série intitulada: O CAMINHO DA EVOLUÇÃO publicadas semanalmente.
Roberto Pelegrino
Enviado por Roberto Pelegrino em 10/11/2008
Reeditado em 29/04/2009
Código do texto: T1275867