Náufrago à deriva
NÁUFRAGO À DERIVA
Diariamente, ao entardecer o vemos sentado à beira da praia.
Parece absorto, com o olhar fixado no horizonte. Seu semblante é melancólico.
Com uma das mãos, pega conchinhas à beira da praia, e como que num gesto de despedida atira-as nas ondas, fazendo-as ricochetar, fazendo zigue, zagues na água como se fossem pérolas a brilhar.
Não notando a nossa presença, podemos ficar a observá-lo, procurando descobrir o que aflige o jovem poeta.
Estará ele a espera de alguém?
Em um determinado momento, levanta-se o jovem poeta, e olhando fixamente para o mar, vemos que gesticula, como que chamando aos gritos, alguém que se debatia nas ondas.
Era o náufrago à deriva, que havia desaparecido do seu barco há dias, mas que esperançoso o poeta estava firme na certeza de avistá-lo.
As incertezas e tempestades da alma do poeta, encresparam as ondas do mar, e o náufrago que ele tanto esperava, naquela tarde debatendo-se, erguia seus braços ao ar...
Curitiba,9/11/2008
Dinah Lunardelli Salomon