Brainstorm Boçal

   Mais uma vez aqui com meus rabiscos. Penso em como às vezes é tão fácil e simples escrever. É como saciar a fome com nosso prato predileto. Comer com prazer, com gula. É como uma torrente de informações e idéias surgindo de todo lado e se não tomarmos nota, se esvai como fumaça. Chega a ser estonteante, até parece coisa de pai de santo. Baixa. Flui.    

   Mas temos nossos dias de fastio, como agora. Não surgem idéias, emoções, nem sensações. Sim. Qualquer mortal que se atreva em rascunhar uma dúzia de palavras precisa transpirar emoção. Tem que ser cardíaco para comover e comover-se. Sou adepto aos escritores que conseguem enternecer seu público. Acho que uma das poucas ferramentas que temos para expressar nossa condição de ser humano.

   Como Marília e seus textos bem delineados, corrente de inspiração. Seria Dagger?  Talvez. Igual Djanira dizendo que “Ser Poeta é Preciso”, tão simples assim. Fácil não?  E Ângela em sua capacidade de fragmentar as palavras. Invejo essas mulheres e não me envergonho em dizer, antes sim seria uma realização granjear tais talentos. Dádiva divina. Grandes “chefs” brincando de sopas das letrinhas.   Prazer em degustá-las. Sempre fica na boca aquele gostinho de quero mais e a curiosidade de qual ingrediente será acrescido nas próximas refeições. Segredos da culinária gramatical. Bom estar envolto a tantas feras da literatura, têm-se muito em aprender.

   Engraçado, semana passada recebi um convite de uma grande indústria multinacional do ramo que atuo para preencher uma excelente vaga de emprego e após entrevista com a psicóloga, que aparentou ter gostado de nosso bate papo, fui intimado a realizar uma redação com tema livre. Pensei, vai ser bico. Assim que a moça saiu debrucei-me sobre o papel e travei. Apaguei. As mãos começaram a suar e mesmo sendo um tema livre, esforçava-me para que viesse algo em nível técnico. Pior que tinha pouco menos de vinte minutos para concluir aquele texto. E como todo mundo anda falando em crise e Obama, Obama neles. Ufa. Oba. No fim deu tudo certo, espero que o emprego também dê.

   Falando em emprego já passa das oito da noite, tenho que organizar minhas coisas, tomar um bom banho, pois amanhã levanto cedinho em busca da subsistência que não ta nem aí para meu “brainstorm” boçal. Tampouco o Gabriel.

   Enquanto isso volta o dilema do regime forçado.  Domingo Paulista, entediante e vazio. Tempo frio de céu nublado. Combina com meu estado emocional.  Quem sabe uma boa ducha de água “morna” e mesmo tomar uma sopa bem temperada, inspire algo grandioso e emotivo. Algumas sopas de letrinhas trazem muitas realizações.

Sidrônio Moraes
Enviado por Sidrônio Moraes em 09/11/2008
Reeditado em 18/05/2015
Código do texto: T1274953
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