Colcha de retalhos

Colcha de retalhos= Bárbara Perez

-Vó, eu ficava a te olhar noite adentro,

e via teus olhos tristes, teu semblante perdido nas horas noturnas,

enquanto você emendava os retalhos coloridos,

Ouvia, o barulho da velha maquina de costura

misturando com teu suspiro e com tua lagrima sozinha rolando pela face tremula e assim,

Vó, os retalhos coloridos iam se juntando ao serem emendados!

-Vó, você terminou a colcha?

-Neto, filho mais que o filho, carne da minha carne,

hoje tão feliz lhe respondo: a colcha esta pronta!!

Os retalhos coloridos foram emendados.

-Cada retalho representa um pedaço de mim e costurando-os,

formou a minha vida!

Vê se essa cinza pálida, sozinho, e a tristeza de meus dias, indo embora no entardecer solitário...

A garça triste sem os filhotes, representada nesse cinza entristecido...

Ah! Tem esse vermelho desabrochaste representa os bailes,

os meus bailes e de belos cavalheiros, como a musica que da renovação ao viver!

E lindos namoros na persistência de sair de solidão inconstante.

Tem esse roxo, e tão amargo percebe-lo, como a dor da perda de pessoas queridas,

o luto que passei obrigatoriamente, e não quis vivenciar.

Apenas deixei passar, seria melhor!

E depois foram lagrimas de tanta dor,

como navalhas cortantes invadindo a alma, sangrando o coração de filha amada...

O retalho preto e aqueles dias negros, amargos e sofridos,

onde faltava grana, faltava à esperança de sobreviver às tempestades,

e às vezes a moral da alma que e cobrada,

sofrida, no intimo de si próprio, pela vida e sua sociedade condicionada,

nas escaladas de degraus de nossas vidas.

A cor metálica representa o brilho das noites de glamour.

O amarelo é o sol que sempre nos brilhou,

O verde e a esperança tingida nesse tom que conforta

e o azul é a garra, a determinação de alcançar um lugar ao sol,

de brilhar no trilho da escalada!

E viver por sonhar!

Pois meu neto, enquanto sonhamos e acreditamos nos resta a vida de presente de deus!

Correr pela selva humana, ser fera! Ser loba e sobreviver!

O retalho branco

e o anjo que vinha sorrateiro com asas e plumas abanar

e sorrir nas minhas horas de solidão e agonia.

Meu neto as lágrimas foram tantas e as dores desafios,

o tempo foi exemplo, na virtuosa insinuação da vida

-Meu neto você tão pequeno, entende de retalhos emendados?

Você entende de representações de vida?

Você entende de colcha de retalhos?

-Quem sabe minha avó, eu entendo de vida e de tudo um pouquinho.

Apenas quero entender porque você agora sorri,

com essa linda colcha de retalhos, depois de costurada.

-Meu neto, juntando todos os retalhos,

sobras de tecidos de todas as cores foi formando a colcha,

foi juntando pedaços de vida.

A minha vida!

São cores bonitas e feias

Alegres e tristes

A colcha subia e descia, no costurar.

Como a vida da gente

Nas tuas mãos pequenas

E a deposito como presente de vida!

Colcha tem erros que consertamos

E da certo,

Mas na vida, nem sempre há remendos, e nem sempre há consertos...

Junto {a colcha de retalhos}

Que lhe entrego

O seu perdão

Pelos meus erros...

Pela minha vida!

carinhosamente á EDUARDO PERES ALMEIA SILVA

BARBARA ALMA CIGANA
Enviado por BARBARA ALMA CIGANA em 09/11/2008
Código do texto: T1274286
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