SER POETA É PRECISO...

“- Por que você escreve?”

Foi essa pergunta que um dia alguém me fez. Da resposta que dei, fiz crônica.

Escrevo porque um belo dia, lá atrás quando eu era apenas a Dja menina e me vi embevecida pelas palavras de Rui Barbosa, Castro Alves, Carlos Drummond de Andrade, Orígenes Lessa, Rubem Braga, Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, Monteiro Lobato, Manuel Bandeira, Casimiro de Abreu, Machado de Assis, Cecília Meireles, entre tantos outros poetas, escritores e cronistas. Se estava triste, quando lia, sorria. Se estava sozinha, tinha companhia. Se estava acamada, logo ficava reanimada!

Foram naqueles dias inocentes que semeei em mim, o desejo de ser como os escritores porque percebi em seus escritos o poder, a magia de quem escreve. Vi o dom que eles têm de mexer com os sentimentos de quem os liam.

Convenci-me de que como os poetas e escritores que tanto admirava, eu também chegaria perto dos leitores. Por meio das minhas palavras, faria carinho neles, secaria lágrimas, encurtaria distâncias, consolaria. Daria conforto na hora da perda ou da separação e o leitor saberia que mesmo estando sozinho, sem ninguém ao seu lado, eu estaria ali, firme, como um fiel escudeiro que nunca se ausenta.

Eu agiria conforme o leitor desejasse. Se quisesse rir, contar-lhe-ia uma piada ou um “causo” divertido; se estivesse apaixonado, compor-lhe-ia os mais lindos poemas de amor, com direito a finais felizes; se estivesse com saudade de alguém que partiu, encurtaria distâncias com a magia das minhas escritas, daria ao leitor, a nítida impressão de estar ao lado de quem ele desejasse estar, pois o poder das palavras abrandaria a dor da solidão. E a triste solidão daria lugar a uma sensação boa de conforto...

O tempo passou... Além dos escritores da minha meninice, vieram outros que me acompanham até hoje. Autores estrangeiros, novos autores nacionais, autores anônimos. Autores anônimos que são de uma beleza, de uma sutileza sem igual. Que me aconchega num abraço em noites frias, que me embala em dias sombrios e que me faz gargalhar em momentos inesperados.

Esta é a minha resposta porque escrevo. Porque desejo ser algo de bom para quem me ler, quero que sintam o aconchego das minhas palavras como um abraço terno, um beijo afetuoso, até mesmo um colo. Mas acima de tudo, quero ser uma sacudida para a vida, um grito de "vamos lá!" , "não desista!!; um levantar ou um reerguer; um estímulo ou nova expectativa; uma coragem de viver ou reviver um novo momento; de vencer e de acreditar que tudo na vida podemos encontrar uma saída. E para o que não há saída, há conformidade...

E você... Como eu, também crê que ser poeta é preciso?