Céu azul. Daqueles fazem doer a vista e cabem no bolso de poucos. Brasil terapêutico. Contraste marinho. Relax e imponente. Talvez não fosse o de Duque Estrada, certamente não.
Onde tudo se faz belo e novo. Céus de férias e núpcias. Encenação. Mais uma vez poderosos céus dos céus de reis dos reis. Vasto e finito. Cerúleo de deuses capitalistas.
Céus dos turistas, aos milhares estrangeiros, seleto celeste. Crepúsculo celestial de sexo fácil, barato e com poucas nuvens. Frágil. Extasiante de nudez exuberante. Céu de Brigadeiro. De muitas festas e andares. Embreagado em soberba.
Estéticos de bundas e seios fartos. Hidratados. Céus de sorrisos dourados em poses e caras. E caro. Flash. Filme. Luz, câmera e ação. Astros e paparazzis. Em capitais da fama e pecados capitais.
As noites calientes, luneta a olho nu. Lunático. Constelações de sacanagem. Céus de estrelas das estrelas. Brasileiro estrangeiro. Do vergonhoso desperdício em colunas sociais.
Sempre ouvi dizer que nos céus não haveria desigualdade ou injustiça. E que cada um de nós teriámos nosso pedacinho reservado desde o ventre de nossa mãe.
E quanto a nós, pobres mortais, definitivamente não estaremos neste céu, antes a poucos palmos do chão. Frio, mórbido e escuro. Acinzentado, poluído e sombrio. Talvez no céu da boca da onça.