Céu azul. Daqueles fazem doer a vista e cabem no bolso de poucos. Brasil terapêutico. Contraste marinho. Relax e imponente.   Talvez não fosse o de Duque Estrada, certamente não.  

   Onde tudo se faz belo e novo. Céus de férias e núpcias. Encenação. Mais uma vez  poderosos céus dos céus de reis dos reis.  Vasto e finito.  Cerúleo de deuses capitalistas.
   
   Céus dos turistas, aos milhares estrangeiros, seleto celeste. Crepúsculo celestial de sexo fácil, barato e com poucas nuvens. Frágil. Extasiante de nudez exuberante. Céu de Brigadeiro. De muitas festas e andares. Embreagado em soberba. 
   
   Estéticos de bundas e seios fartos. Hidratados. Céus de sorrisos dourados em poses e caras. E caro. Flash. Filme. Luz, câmera e ação. Astros e paparazzis.  Em capitais da fama e pecados capitais. 

   As noites calientes, luneta a olho nu. Lunático. Constelações de sacanagem.  Céus de estrelas das estrelas. Brasileiro estrangeiro. Do vergonhoso desperdício em colunas sociais. 
   
   Sempre ouvi dizer que nos céus não haveria desigualdade ou injustiça. E que cada um de nós teriámos nosso pedacinho reservado desde o ventre de nossa mãe. 
   
   E quanto a nós, pobres mortais, definitivamente não estaremos neste céu, antes a poucos palmos do chão. Frio, mórbido e escuro.  Acinzentado, poluído e sombrio. Talvez no céu da boca da onça.

Sidrônio Moraes
Enviado por Sidrônio Moraes em 08/11/2008
Reeditado em 05/09/2010
Código do texto: T1273139
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