Rei dos reis
Rei dos Reis
A única certeza que temos na vida é a da morte. A nossa existência tem a duração exata dos dias entre o nascimento e a morte. Para a grande maioria que acredita na reencarnação, é bom que esclareçamos que estamos falando da vida física e de cada encarnação.
Se utilizarmos a terminologia dos matemáticos, nossas vidas seriam a integral dos nossos minutos. Ou seja, nossas vidas representam a maneira como vivemos o tempo entre o nosso nascimento e nossa morte.
Aos que entendem dessa forma , o tempo é o fator mais importante de nossas vidas. Matar o tempo, nunca. Viver o tempo, sempre.
Sentar na máquina do tempo e mergulhar no passado é escutar os doces refrões da infância, é dançar com a rebeldia da adolescência, é refletir sobre dúvidas e a insegurança da maturidade, é reviver e ressuprir nossas reservas de afetividade e ternura.
Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar não só meia volta, mas a volta inteira e por cima.
Devemos viver a vida, segundos diante da eternidade, como brincadeira de roda, cheios de prazer e de alegria.
Vamos trabalhar, estudar, dormir, brincar, amar, dançar, cantar, escrever, lutar e sonhar com muito prazer.
Devemos fazê-lo, pois o Sr.Tempo, Rei dos reis, nos dá uma única oportunidade.
Não adianta o “rema-rema” nosso de cada dia, pois a barca vai virar e não tem como não irmos junto com ela
Só levaremos a vida que levamos.
“Roda de Cantigas” são refrões do passado, que alimentam o presente e avisam sobre o limite do futuro.
Roda de Cantigas
Terezinha de Jesus,
com sapatinho branco
e anel de vidro,
foi no Itororó cirandar.
Ciranda, cirandinha,
vamos todos cirandar.
Brincava e rodava,
ora com o cravo, ora com a rosa,
até que por ciúme:
o cravo brigou com a rosa
e a rosa pôs-se a chorar.
Terezinha de Jesus
deu uma queda, foi ao chão,
acabou sem cavalheiro
e sem anel na mão.
Na brincadeira de roda a vida,
o terceiro foi aquele
que Tereza não deu a mão.
Vida de cavalheiro
é regida pelo tempo,
que sempre e no seu ritmo,
toca, dança, roda e canta:
passa, passa gavião,
todo mundo passa.
Foi o mesmo Sr. Tempo,
Rei dos reis e do mar,
que, do terceiro cavalheiro,
a barca não esqueceu de virar.
Nunca mais com Terezinha,
de ciranda poderá brincar,
para sempre com a Mulher-Rainha,
eternamente, nos braços de Iemanjá.