O Diário de Um Mendigo

Não é assustador, é real...

Você fica aí sentado de frente para o computador e fica imaginando a desgraça e tornando-a uma inspiração para o seu contexto que se tornam palavras digitando-as nesse teclado, enquanto você fica aí, estou aqui sofrendo, com fome, frio, dores por todo o corpo, sem ter como me levantar, eu fico esperando ajuda, mas ninguém quer me ajudar; as pessoas têm medo, passam ao longe de mim, e de vez em quando jogam uma migalha de pão no chão como se eu fosse um cão, expulsam-me das calçadas como um bichano leproso e me batem de cacete como se eu fosse um criminoso, sou jogado ao asfalto e nunca me perguntaram o nome, dessa maneira eu até já o esqueci, pois a sociedade corrupta e omissa, devido à política inerte e falsa me arrancou até um nome, era a única coisa que ainda me tornava cidadão, agora desta maneira designo-me realmente um bichano desvairado e ameaçado pelo tempo, enquanto você fica aí, eu estou morrendo, enquanto você se diverte jogando baralho e comendo seu tira-gosto estou aqui sentindo o gosto amargo do meio-fio, bebendo a água que broca pelo canto até a boca-de-lobo.

Júnio Dâmaso
Enviado por Júnio Dâmaso em 07/11/2008
Reeditado em 14/01/2019
Código do texto: T1271750
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