DENTES - PARA QUE OS QUERO?


             Sala de espera de dentista é um dos lugares mais estressantes que conheço. Não sei por qual motivo eles nunca atendem na hora marcada e você fica, ali, tensa e angustiada enquanto aguarda a vez, escutando todos os ruídos que vêm de dentro do consultório. O coração acelera, a pressão sobe... nem nos tempos medievais existiu uma tortura semelhante à essa.

             Venho fazendo um tratamento que já se estende por mais de dois meses, e não consigo divisar qualquer luz no fim desse escuro túnel. Vim, pela primeira vez, porque havia um dente me incomodando. Quando  mastigava em cima dele sentia alguma coisa diferente, não chegava a ser propriamente dor, mas um certo desconforto. Minha dentista, a Cristiane, filha do Gladson que tratou dos meus dentes por uns 40 anos, descobriu uma cárie lateral e cuidou dela. Passou-se uma semana e eu não senti melhora alguma. Retornei. Podia ser contato prematuro. Desbastou-se o dente pra evitar contato com o de baixo e esperei outra semana, mas o problema se manteve.

              Aí, de repente, tudo se complicou. A gengiva inflamou, apareceu uma fístula... e lá fui para o ortodentista fazer tratamento de canal. Cutuca aqui, cutuca ali, tiram-se radiografias e chega-se à conclusão de que o problema não estava naquele dente e sim no seu vizinho, já "canalizado" há cêrca de 30 anos. Optando por um método menos drástico que a apicetomia (já passei por isso uma vez), o Edgard resolveu ir com calma. Abriu o dente, limpou-o e aplicou uma medicação específica. Esse procedimento foi repetido umas três vezes com intervalos de 10 dias. Realmente a inflamação desapareceu e ele pôde, então, fazer o que devia ser feito. Tendo recebido sinal verde, voltei à Cristiane para  que efetuasse os acabamentos: fazer o molde e preparar a prótese ou coroa.

               E, assim, estou aqui, nesta sala, à espera. O pior é que o dente que deu início a esta peregrinação de porta em porta, continua me incomodando e, enquanto rabisco estas linhas, vou rezando ao santo padroeiro dos dentistas para que a  luz se faça e minha historinha possa ter um final feliz. Que assim seja!