DESPEDIDA DE SOLTEIRO...
Amigos devem ser solidários em tudo, menos na morte. Na morte os amigos só devem derramar meia dúzia de lágrimas e sentir muita saudade só nos primeiros quinze dias. Depois, vira boa lembrança.
Amigos devem dividir tudo, menos a mulher. Mulher não se divide. Mas as alegrias que elas proporcionam sim, podem e devem ser divididas. No casamento, por exemplo, a alegria de ver o amigo se casar (para alguns mal-intencionados, casar significa o mesmo que ir para a forca).
Somos um grupo de amigos , pequeno mais solidário. Um dos amigos integrantes deste seleto grupo ia se casar e como todo casamento que se preze, tinha que ter uma despedida de solteiro. Dessas bem ruidosas e inesquecíveis.
Tomaríamos cervejas, contaríamos algumas piadas, fumaríamos uns charutos cubanos (fabricados no Paraguai) e o objetivo era mostrar ao noivo só as desvantagens de um casamento. Sim, porque se ele soubesse das vantagens, provavelmente não desistiria do casório.
Estávamos planejando cuidadosamente aquela noitada. Afinal, era a última reunião de parceiros, amigos quase irmãos antes que um dos membros daquela turma tivesse que ir prá casa mais cedo todos os dias.
A idéia era nos reunirmos num bar. Jantarmos e depois levarmos nosso amigo para dar umas voltas numa certa boate. Só de brincadeirinha. O que ninguém esperava é que, na nossa turma um dos seus membros fosse um traidor. Sim, tínhamos um traidor no nosso grupo.
Interesante é que soubemos mais tarde que a traição não fora proposital. Tinha sido um descuido. Explico melhor. Nosso amigo, quer dizer, hoje ex-amigo, tinha o péssimo hábito de falar enquanto dormia e foi justamente dessa forma, juntando pequenos pedaços da conversa do sonâmbulo que sua esposa entendeu que naquela noite não ficaríamos no escritório fazendo hora extra e sim , que iríamos a um barzinho tomar umas e outras, comer alguma coisa e depois dar uma rápida passada numa boate.
Quero abrir um parêntese para comentar sobre a solidariedade feminina. Quando ficam zangadas ou quando querem se vingar dos maridos são super-unidas. Mas é só nesses momentos. Fora disso, é cada uma por sí.
Portanto, inocentemente nos programamos para uma noite, digamos assim, de uma inocente farra. Entretanto, nossas esposas, companheiras , namoradas (e até duas sogras palpiteiras), alertadas pela traição do dorminhoco linguarudo, também estavam preparando uma surpresa, daquelas inesquecíveis.
A surpresa delas também era jantar fora, tomar umas cervejas, devorar duas caixas de bombons da Garoto e depois, passar rapidamente numa boate, dessas que só entram mulheres. Os dois grupos, sem que nós desconfiássemos, preparavam tudo com toda antecedência e segredo.
Só que no nosso caso, graças ao ex-amigo traidor, as mulheres já sabiam do que ia acontecer e portanto, como também sabiam onde era nosso bar preferido, combinaram que a despedida de solteira da amiga seria no mesmo local e no mesmo horário.
Imagino não precisar dizer da nossa surpresa (e também da decepção), quando justamente ao nosso lado, os garçons prepararam outra fileira de mesas, coincidentemente bem ao lado da nossa. Só tinha uma pequena diferença, o conjunto de mesas das mulheres tinha duas cadeiras a mais, que eram justamente das duas sogras xeretas que se convidaram para o evento.
Oito horas da noite, já sem as gravatas e paletós, íamos fazer nosso primeiro brinde quando nossas mulheres, companheiras, namoradas e as duas sogras xeretas entraram.
Quase caímos das cadeiras e com sorrisos amarelos tentamos explicar que estávamos ali só de passagem. As mulheres (inclusive as sogras) nos ignoraram completamente e tomaram seus respectivos lugares, fizeram os seus brindes e em voz alta, apressavam os garçons para servirem logo o jantar, pois queriam ir até uma certa boate, o tal Clube das Luluzinhas.
Ficamos indignados. Não só pelo abuso , mas porque elas pareciam nem notar nossas presenças. Então só por vingança, pedimos a conta e, em voz alta deixamos escapar que iríamos para uma boatizinha especializada em fabulosos streap teases. As mulheres, continuaram sem nos dar a mínima atenção.
O fato aumentou nossa surpresa e indignação , que foram aumentando à medida em que elas contavam piadinhas picantes em voz baixa e riam como se fossem colegiais molecas. Estávamos constrangidos e arrependidos.
O que fizemos ? Fomos a mesa delas e pedimos desculpas a cada uma. E como acabou a noitada ? Juntamos as mesas, pedimos mais uma rodada de chopes, duas taças de vinho e coca-cola diet para as sogras xeretas (sempre elas!).
Depois pedimos a conta e fomos para nossas respectivas casas. Naquele clima, naquela empolgação, com tanto arrependimento presente, prá que Clube das Luluzinhas e Boatizinha de Streap Tease ?
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(.....imagem google.....)