O Jovem e o Velho Jornalistas
O repórter boçal é meu conhecido antigo. Coisa de, talvez, uns vinte anos. Pois bem, durante esse tempo ele foi (e, certamente, é e será) um desses medíocres jornalistas (?) de uma TV local; logo, provinciana. Desses, que entrevistam "crianças sobre o meio-ambiente", Parada de 7 de Setembro, Rodeios e coisas do gênero. E, pior (ou melhor?), é feliz na sua gaiola. Vinte e tantos anos fazendo isso e, é certo, que o fará por mais vinte, ou trinta anos, se lhe deixarem.
E eis que certo dia ele teve a "grande missão e honra" de entrevistar um antigo radialista, jornalista etc., "com mais de cinquenta anos de profissão". É inevitável se perguntar como alguém pode gastar meio-século em absolutamente nada de real, verdadeiro. Enfim. . .
E como "Honrado, Digno e Proeminente Jornalista", ele se dava ares de quem tem suma importância. Olhava para o "garoto" com um misto de calma (de quem já sabe tudo) e de generosa sabedoria. E passava a mensagem de forma muito clara: "o menino ainda tem muito a aprender . . ."
O jovem (que, aliás, não é tão jovem assim) olhava para o "Mestre" com veneração e, talvez, algum temor. Estava diante de um deus. Divindade que nunca ultrapassou as cercanias de sua Provincia, onde narrou "A Festa da Padroeira", os Bailes de Carnavais, de Debutantes e, principalmente, os "Discursos do Senhor Prefeito" e, até, quem sabe, do "Sr. Ilustre Governador". Coisa de "gente grande" (ele acha que sim).
- Sim senhor!
Tudo isso ele já fizera e por isso é que agora podia ter essa feição de benévola superioridade. O "não tão jovem repórter boçal", dedicava-lhe as devidas honras. Mostrava o quanto bebia daquela "Fonte de Saber".
Desliguei a televisão e aquelas duas imbecialidades. Basta-me a própria.