Érato
Nas noites de Sonho de Verão, nem todos os sonhos são vãos. O limite, posto que sempre haverá onde o onírico, pois mais lírico que seja, não poderá entrar sem que cause medo e insanidade, é invisível, o véu é leve e fácil de revelar o que não deve. As almas à noite, são frágeis, tolas, inocentemente estúpidas, e não medem as palavras, retirando a poesia que delas estivesse brotando. Nesse vazio, nesse súbito vácuo de dúvida, o nó na garganta, o coração agoniado, sangra borbulhante pela faca de dois gumes que lhe feriu o peito, enganado por seu delírio, que imaginava estar empunhando rosas brancas. Lembre-se dos espinhos, nem todos estão dispostos a se ferir neles, a aceitar a coroa de cravos, no entanto, para quem anseia mastigar a flor, deve passar pelos espinhos. Desculpas são vãs, medem-se por pesos, pelo cansaço, nada será como antes? Não há como saber, sabedoria é o que menos possui uma alma notívaga. Por essa razão, sofre, quando há de sofrer, e goza, quando há de gozar. Não devemos dizer para o ébrio para parar de procurar gênios nas garrafas, ele pode encontrá-los. E não devemos dizer a musa sobre o que é mortal, os mortais devem se tornar divinos ao lado delas, nunca, jamais, o oposto.