A Era Obama
Começa uma nova era. Do ponto alto democrático do Planeta Azul, um novo sopro inunda de esperança corações multiraciais: o vento Obama. Não houve meio de por freio. Quando um povo quer mudar, somente Deus pode impedir. O maciço comparecimento de eleitores em uma nação de voto livre atesta a força da transformação. O povo americano quer experimentar algo novo.
Obama parece predestinado. Originário do esquecido continente africano, cujos braços fortes tanto ajudaram a erguer a América de hoje (Brasil incluso), vivemos um momento que nossos netos estudarão nos livros de história.
A era Bush passou sem deixar rastro de saudade. Entre a queda colossal e cinematográfica de duas torres, ícones do capitalismo, o ataque insano a um país suspeito de ser o inimigo que corrói muitas vidas jovens, terminando com uma hecatombe financeira que quase fez desmoronar a estrutura capitalista e, por um triz, a própria democracia, são os legados tristes que os anais futuros deverão registrar.
O elefante teve as unhas, e orgulho, roídos por um rato que se escondeu nas entranhas do Afeganistão ou de outra nação qualquer distante e esquecida. Resta saber o que virá. Será a era Obama de mudança e cordialidade nas relações internacionais ou os americanos insistirão na política fracassada de pisotear o mundo?
Nós, como país ainda considerado de terceiro mundo, ficamos na expectativa. Não me importo com a cor do presidente americano. A cor da pele não reflete o que carrega um ser dentro do seu coração. Ao invés de rotular pela crença e origem, prefiro traçar o lento caminho de descobrir se uma pessoa é ou não do bem. Esse o grande diferencial: nossa busca em ser e tornarmos o mundo à nossa volta em algo melhor.
Nisso consiste a meta dos próximos anos. Legará Obama às futuras gerações um mundo melhor que o seu antecessor? O desafio está lançado. Vivemos uma época de profundas e rápidas transformações. A velocidade é tão acelerada que, engajados e incutidos no bojo do processo, não percebemos o que ocorre à nossa volta.
O Brasil é uma nação que abriga todas as cores e raças e não há brasileiro que aqui viva há mais de três ou quatro gerações que não tenha um filete de cor negra nas veias, o que nos salva, ou deveria salvar, do orgulho inconseqüente de rotular alguém pela cor – e quem o faz não tem noção de quão longe se encontra da verdade. Somos todos iguais em essência e aqui estamos para auxiliar no progresso mútuo da humanidade como um todo.
Ao olhar no espelho não vejo um homem branco de fortes traços ameríndios: vejo um negro, um branco, um índio, mas, sobretudo, vejo um cidadão do mundo, uma pessoa da era Obama. E que assim esteja escrito!