Feliz Natal ?

Todas as vezes que as festas de final de ano se aproximam, a gente acaba por ficar pensando em coisas que nos trazem alguma saudade, de um Natal especial ou de alguém que tenha feito parte da nossa vida.

Em tempos de pouco dinheiro para presentear a todos, a única alternativa que sobra é o Amigo Secreto. Todo mundo ganha presente e fica feliz, ou pelo menos aparenta ficar.

Família grande é uma piada. Sempre tem aquele tio ou primo pentelho que faz questão de sacanear o amigo secreto e embrulha um chaveiro numa caixa de TV de vinte e nove polegadas cheia de bolinha de jornal. Brincadeira manjada, mas que ainda serve para quebrar o gelo e a mesmice dessas reuniões.

Tem gente ainda que tenha coragem de embrulhar presente novo em papel velho e feio. Só pra economizar. Aí o pobre que recebe o presente até duvida que seja novo, porque vem logo a explicação: é de coração.

Nas empresas também já é de praxe a tal troca de presentes. E não adianta estipular valor: você dá um presente bom e ganha uma porcaria, ainda tem de fazer cara de surpresa feliz, pro seu colega não ficar chateado.

E são inúmeras as histórias engraçadas e trágicas.

Sempre tem aquele que manda a esposa comprar qualquer coisa e tira o chefe.

Sempre tem aquela colega da mesa do lado a fim do cara ali e dá uma cueca samba-canção e ele é noivo.

Sempre tem a estagiária nova que trás pro diretor da empresa, um vinho naqueles estojos com duas taças (pra ele não tomar com a esposa, óbvio).

O pior é desejar Boas Festas pra aquela pessoa com quem você quebrou o pau o ano inteiro.

Teve aquele que nunca te deu bom dia e nesse dia se torna seu melhor amigo.

Tem aquele que sempre quis sair com você e nesse dia depois do segundo copo te esbarra, pede desculpa e engata num papo pra ver se sai alguma coisa.

E é sempre assim. Tudo uma farsa.

A coisa anda tão ruim que a roupa do Papai Noel agora é azul, e ele nem é mais tão bom velhinho assim.

Daqui a pouco as renas serão substituídas por foguetes e os presentes acompanhados dessas amenidades, serão meras lembranças na cabeça de quem ousou viver numa época em que a tecnologia impera, mas ainda se morre de fome.

Fernanda Vaitkevicius
Enviado por Fernanda Vaitkevicius em 04/11/2008
Código do texto: T1265178
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