O QUE MELHORA NOSSA FÉ É O NOSSO SORRISO

Marília L. Paixão

Estava lendo uma crônica sobre a velocidade do tempo do Sérgio Lisboa. Dentro da minha casa a velocidade não é feroz, mas ao redor dela é sim. Explicando. Não estou sendo rápida ao ler ou folhear o jornal e agora mais lenta ainda estou ficando para conseguir buscá-lo em minha garagem. Será que estou sofrendo de envelhecimento precoce? Se estou a minha escada de mil utilidades também está. Ela servia para tudo quanto é altura dentro de casa e agora não está atendendo as necessidades do meu lar.

Estranho não? Imaginem vocês que fui buscar meu jornalzinho e minhas vistas não o alcançaram, mas eu jurava que tinha ouvido o jornaleiro motoboy atirando meu jornal como ele sempre faz mais rápido que a velocidade da luz e não tinha nada de jornal. Sem falar que o barulho da queda do jornal é assustador! Ele não estava no chão, não estava sobre o carro e sem jornal eu fiquei. Pensei que com a velocidade do tempo um ladrão tinha passado pelo meu terreiro e levado meu jornalzinho.

Mas tantas coisas mais interessantes que meu jornalzinho para um ladrão querer levar que aquela hipótese foi excluída. Bem excluída! Não foi que eu vi ao olhar para cima a beiradinha da sacola do jornal em cima do telhado? Com a velocidade da raiva fui buscar minha escada e a coitadinha não deu conta de alcançar o telhado.

Quando Dagger aparecer vou pedir a ele para dar uns pulos lá em cima até o jornal cair. Enquanto não, vamos ler jornal velho.

A maioria das páginas é sobre as eleições nos Estados Unidos. Isto me interessa muito mesmo. Afinal, a presidência do país mais importante do mundo é de interesse de todos. Se não é deveria ser, pois tudo que acontece lá afeta o mundo inteiro, seja para o bem ou para o mal. E vamos lembrando a todos que Os Estados Unidos é uma aglomeração de rostos de diversos gostos e sentimentos mundiais. Quem se acha antiamericano saiba que é apenas uma pretensão de ser um anti-mundo, uma fuga da própria humanidade. Um ser mais parecido com o meu jornal caído no telhado.

Já nas nossas terras onde não faltam nacionalistas de uma perna só fala-se em alongamento de impostos, cortes de recursos para educação afetando creches, transportes e laboratórios. E não se esqueçam que arrumaram uma fórmula para aumentar o índice do desenvolvimento da educação básica sem aumentar o desempenho nas provas de português e matemática. Simples! Dê lhe um diploma de aprovado mesmo se ele é um semi analfabetizado! O MEC agradece!

Fiquei até com vontade de comer uma banana! Nada de breakfast! Ou alguém tem uma escada bem alta para me emprestar ai? Quem sabe num jornal novo as notícias melhoram. Afinal o que melhora a nossa fé é o nosso sorriso. Ou será a nossa tolerância?