JONGO TRIO - JUSTIÇA SEJA FEITA (embora um pouco tardia) - REVISÃO 1
Texto original publicado em junho de 2008
Texto original publicado em junho de 2008
Mais uma vez vou falar de música, e desta vez para corrigir uma tremenda injustiça que vem sendo praticada há 48 anos. Sim, 48 anos é o tempo transcorrido desde a gravação, ao vivo, do primeiro disco da série “Dois na Bossa”, com Elis Regina e Jair Rodrigues. Mais precisamente no dia 8 de abril de 1965, no Teatro Paramount, na cidade de São Paulo, com a presença de dois mil pagantes.
E qual a tremenda injustiça praticada? Simplesmente a omissão, nos créditos do disco, ao fantástico conjunto que acompanhou Elis Regina e Jair Rodrigues nesse que foi, sem dúvida alguma, o melhor dos três discos da série. O pot-pourri de abertura do lado “A” foi um grande sucesso e tinha O morro não tem vez, Feio não é bonito, A felicidade..., e as demais faixas algumas preciosidades como, Preciso aprender a ser só, Terra de ninguém, Arrastão, Reza, Menino das laranjas, entre outras.
Sobre a gravação deste disco, disse Jair Rodrigues em recente entrevista: “O meu falecido empresário, o Corumba, falou para ir ao Teatro Paramount, na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, em São Paulo, para ensaiar e fazer um show com outros artistas. Só que, como o Baden Powell, Wilson Simonal e Jorge Ben (Jor) não conseguiram comparecer, ficando a apresentação resumida a mim, Elis Regina e JONGO TRIO, que era teclado, baixo e bateria. De repente, a gravação daquele show foi lançada em disco e vendeu mais de um milhão de cópias. Logo em seguida, eu e ela fomos convidados para comandar o programa O Fino da Bossa, da Record”. O show em questão foi gravado num simples gravador de rolo pelo falecido Valter Silva (o Pica-Pau), apresentador de rádio na época e muito enfronhado com o pessoal da MPB.
O JONGO fez o acompanhamento em todas as faixas do disco, que foi lançado em LP pela Philips, sob número 81121913 e em fita cassete (lembram-se?) com o número 81121944. Composto por Cido Bianchi (piano), Sabá (contrabaixo) e pelo já falecido Toninho Pinheiro (bateria), o Jongo foi um caso a parte na música popular brasileira. Como já citei em outro texto sobre eles, o Jongo lançou apenas um disco solo, além do acompanhamento nesse Dois na Bossa. Depois, com a saída de Cido e a entrada de César Camargo Mariano, o conjunto virou Som Três, que, nem de longe, teve o mesmo sucesso do Jongo. Os próprios componentes diziam que “quando o Jongo cantava, acontecia tudo, ao passo que quando o Som Três cantava, não acontecia absolutamente nada”. O Som Três marcou presença mais como um conjunto instrumental, até porque César era contrário a que eles cantassem.
Decidi escrever este texto depois de ver em uma página da Internet, a menção de que o Zimbo Trio é que havia feito o acompanhamento musical no referido disco. Mesmo escrevendo para o autor da página, o erro não foi corrigido, mantendo-se a informação errada aos visitantes do site, o que considero uma verdadeira lástima e um desrespeito aos próprios artistas. Se não tem certeza absoluta, não coloque no ar, pois isso é um dos caminhos para a contracultura.
O Zimbo, composto por Hamilton Godoy (piano), Luiz Chaves (contrabaixo) e Rubinho Barsotti (bateria), acompanhou Elis no disco “O Fino do Fino”, também gravado ao vivo no ano de 1965. Um bom disco, mas que não se identificou com o grande público, talvez por ter sido um disco extremamente elitizado. O Zimbo era mais elite e o Jongo mais povão, como se diz hoje. Sem contar que os arranjos vocais feitos pelo Jongo eram de tirar o fôlego de tão perfeitos e a afinação das vozes era eletrizante, principalmente quando cantavam em uma oitava acima.
A série “Dois na Bossa” ainda teve mais dois discos, o número dois, de 1966 e o número três, de 1967, ambos gravados no Teatro Record, em São Paulo. Certamente (e os críticos também apontaram isso) o número três foi o mais fraco deles, apesar de ter a canção Manifesto em seu repertório, que se tornou um grande sucesso. Era uma espécie de desafio à Jovem Guarda que já estava começando a ocupar o seu espaço, concorrendo assim com o pessoal da bossa nova. Ao final, uma Elis emocionada fala algumas palavras em relação a esse desafio, ao som do ritmo do ótimo quinteto de Luiz Loy, que fez o acompanhamento em todo o volume três. Já o volume dois teve o mesmo quinteto de Luiz Loy dividindo os acompanhamentos com o Bossa Jazz Trio, que tinha Adilson Godoy ao piano (irmão de Hamilton, pianista do Zimbo).
Confesso que fui apaixonado pelo Jongo Trio, pois eles surgiram na mesma época em que tínhamos um conjunto aqui em Santos, onde a bateria era o meu instrumento. E, como tocávamos no mesmo estilo do Jongo, eu procurava me espelhar no Toninho Pinheiro, pois o achava o maior baterista do Brasil.
Agora estou mais tranqüilo pois, à minha maneira, tentei corrigir uma injustiça praticada há 48 anos atrás e que, até hoje, ninguém havia se preocupado em corrigir.
Espero ter conseguido.
E qual a tremenda injustiça praticada? Simplesmente a omissão, nos créditos do disco, ao fantástico conjunto que acompanhou Elis Regina e Jair Rodrigues nesse que foi, sem dúvida alguma, o melhor dos três discos da série. O pot-pourri de abertura do lado “A” foi um grande sucesso e tinha O morro não tem vez, Feio não é bonito, A felicidade..., e as demais faixas algumas preciosidades como, Preciso aprender a ser só, Terra de ninguém, Arrastão, Reza, Menino das laranjas, entre outras.
Sobre a gravação deste disco, disse Jair Rodrigues em recente entrevista: “O meu falecido empresário, o Corumba, falou para ir ao Teatro Paramount, na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, em São Paulo, para ensaiar e fazer um show com outros artistas. Só que, como o Baden Powell, Wilson Simonal e Jorge Ben (Jor) não conseguiram comparecer, ficando a apresentação resumida a mim, Elis Regina e JONGO TRIO, que era teclado, baixo e bateria. De repente, a gravação daquele show foi lançada em disco e vendeu mais de um milhão de cópias. Logo em seguida, eu e ela fomos convidados para comandar o programa O Fino da Bossa, da Record”. O show em questão foi gravado num simples gravador de rolo pelo falecido Valter Silva (o Pica-Pau), apresentador de rádio na época e muito enfronhado com o pessoal da MPB.
O JONGO fez o acompanhamento em todas as faixas do disco, que foi lançado em LP pela Philips, sob número 81121913 e em fita cassete (lembram-se?) com o número 81121944. Composto por Cido Bianchi (piano), Sabá (contrabaixo) e pelo já falecido Toninho Pinheiro (bateria), o Jongo foi um caso a parte na música popular brasileira. Como já citei em outro texto sobre eles, o Jongo lançou apenas um disco solo, além do acompanhamento nesse Dois na Bossa. Depois, com a saída de Cido e a entrada de César Camargo Mariano, o conjunto virou Som Três, que, nem de longe, teve o mesmo sucesso do Jongo. Os próprios componentes diziam que “quando o Jongo cantava, acontecia tudo, ao passo que quando o Som Três cantava, não acontecia absolutamente nada”. O Som Três marcou presença mais como um conjunto instrumental, até porque César era contrário a que eles cantassem.
Decidi escrever este texto depois de ver em uma página da Internet, a menção de que o Zimbo Trio é que havia feito o acompanhamento musical no referido disco. Mesmo escrevendo para o autor da página, o erro não foi corrigido, mantendo-se a informação errada aos visitantes do site, o que considero uma verdadeira lástima e um desrespeito aos próprios artistas. Se não tem certeza absoluta, não coloque no ar, pois isso é um dos caminhos para a contracultura.
O Zimbo, composto por Hamilton Godoy (piano), Luiz Chaves (contrabaixo) e Rubinho Barsotti (bateria), acompanhou Elis no disco “O Fino do Fino”, também gravado ao vivo no ano de 1965. Um bom disco, mas que não se identificou com o grande público, talvez por ter sido um disco extremamente elitizado. O Zimbo era mais elite e o Jongo mais povão, como se diz hoje. Sem contar que os arranjos vocais feitos pelo Jongo eram de tirar o fôlego de tão perfeitos e a afinação das vozes era eletrizante, principalmente quando cantavam em uma oitava acima.
A série “Dois na Bossa” ainda teve mais dois discos, o número dois, de 1966 e o número três, de 1967, ambos gravados no Teatro Record, em São Paulo. Certamente (e os críticos também apontaram isso) o número três foi o mais fraco deles, apesar de ter a canção Manifesto em seu repertório, que se tornou um grande sucesso. Era uma espécie de desafio à Jovem Guarda que já estava começando a ocupar o seu espaço, concorrendo assim com o pessoal da bossa nova. Ao final, uma Elis emocionada fala algumas palavras em relação a esse desafio, ao som do ritmo do ótimo quinteto de Luiz Loy, que fez o acompanhamento em todo o volume três. Já o volume dois teve o mesmo quinteto de Luiz Loy dividindo os acompanhamentos com o Bossa Jazz Trio, que tinha Adilson Godoy ao piano (irmão de Hamilton, pianista do Zimbo).
Confesso que fui apaixonado pelo Jongo Trio, pois eles surgiram na mesma época em que tínhamos um conjunto aqui em Santos, onde a bateria era o meu instrumento. E, como tocávamos no mesmo estilo do Jongo, eu procurava me espelhar no Toninho Pinheiro, pois o achava o maior baterista do Brasil.
Agora estou mais tranqüilo pois, à minha maneira, tentei corrigir uma injustiça praticada há 48 anos atrás e que, até hoje, ninguém havia se preocupado em corrigir.
Espero ter conseguido.
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