PEQUENA ANÁLISE DAS CRÕNICAS “A ARANHA” E “A PALESTRA”, VENCEDORAS DO XXIII CONCURSO INTERNACIONAL LITERÁRIO.
PEQUENA ANÁLISE DAS CRÕNICAS “A ARANHA” E “A PALESTRA”, VENCEDORAS DO XXIII CONCURSO INTERNACIONAL LITERÁRIO. (As duas crônicas estão indexadas neste site)
A crônica “A aranha” tenta mostrar o homem moderno, num mundo em que tudo é permitido, no qual há todas as escolhas possíveis e, ao mesmo tempo, fica dividido, tornando-se desta forma, confuso e perdido em seus relacionamentos, sua vida cotidiana, suas possibilidades de escolha. Apesar de tudo, o homem se vê preso a padrões, ao senso comum, onde todos devem viver da mesma forma, agir segundo regras pré-estabelecidas, morais e éticas, mas que na verdade, isso não acontece. Usam subterfúgios, máscaras, vestem verdadeiras fantasias no seu dia a dia, porque na família, no trabalho ou nos seus relacionamentos pessoais não são o que realmente aparentam. Por isso, a dificuldade do homem em mostrar a sua verdade mais íntima. Há portanto, o medo de fazer as suas escolhas, por mais simples que sejam, pois desafiem a maioria ou questionam o pensamento geral, padronizado, formatado, aceito pela sociedade. Como a mosca, ele fica preso à aranha, o grande emaranhado de normas, leis, preconceitos, mentiras que regem o mundo moderno. Daí o seu sofrimento e a sua confusão.
Na minha opinião, isto não está na crônica, o homem precisa desapegar-se de determinados sentimentos que o deixam agastado e triste. Por exemplo, a necessidade extrema de competir, em qualquer área, em qualquer seguimento. Acho que em determinado limite, é saudável, mas não viver-se comparando-se com os demais, porque sempre haverá alguém com capacidades maiores do que a sua ou menores. Um outro fator que atinge o homem moderno é o não compromisso com a sua realidade, com a sua comunidade, com o seu mundo particular. O homem vivencia os acontecimentos que atingem a Antuérpia e não olha para o seu irmão, que está ali, pertinho, ao seu lado. Uma outra forma de apego é o ato de julgar, julga-se muito facilmente, com uma dose muito grande de punição já embutida neste julgamento. Isto acontece, porque não enxergamos nossas próprias falhas e é muito mais fácil olhar no outro o que ocultamos em nós mesmos. Quando o homem souber se desapegar destes sentimentos, certamente encontrará mais tempo para regozijar-se com a natureza, com a vida enfim, que o cerca.
A crônica “A palestra” talvez seja uma complementação bem humorada da primeira, A aranha. Ela fala neste homem dos dias atuais, ansioso, atrapalhado, confuso, que perde os horários em função de dificuldades no trânsito, na correria das compras do dia a dia, do pagamento de contas, de conciliar compromissos, tudo envolto nas suas dificuldades pessoais, familiares, de trabalho, enfim , o homem que também precisa fazer suas escolhas e às vezes, se engana, como na palestra em que o palestrante não passava de um político prolixo e ele estava preocupado com outra coisa.