A Estrela do Pequeno Tarzã
Uma declaração feita pelo nosso presidente causou-me certa perplexidade. Lula enfaticamente afirmou que desde o tempo de metalúrgico, fica preocupado com esses feriados de carnaval. Mas reconhece que o esforçado povo brasileiro, merece uns dias de descanso. Pô! Pensava que nosso presidente fosse folião de carteirinha. Não importa, o episódio acabou servindo para lembrar-me de uma história que o velho Laurindo contava, quando eu era mais criança.
Era uma vez um jovem, cabeçudinho e barrigudinho que sempre teve uma boa estrela. Vivia num país muito privilegiado pela beleza natural e vasta extensão geográfica. Berço de inatos foliões e palco de mulheres de uma beleza única, com fartas bundas e exuberantes seios, invejadas por milhares de fêmeas de outras plagas. Bem no meio da floresta, onde antes das corruptas devastações da mata existiam Tucanos e até Pau-brasil, vivia esse menino pobre, porém muito vivo. Nascido em um pequeno lugarejo logo abaixo da região do Oyapoque, e que por gostar muito de pinga com lingüiça, acabou sendo chamado de Tripanácio da Selva. Seria mais um, de uma enorme família, se não fosse a 51 que lhe dava sempre uma boa idéia. Acabou vencedor nessa floresta da busca de oportunidade. Uma espécie de Tarzã tupiniquim. Com maestria, ele sempre soube manipular os cipós. Sempre foi conduzido ao lugar aonde quis chegar.
O persuasivo menino acabou fazendo a fada madrinha Rioisa, pegar na varinha (de condão) e lhe dar uns dotes extras. A partir daí, ele, tal qual uma cigarra, só cantava. Não precisava mais estudar, nem trabalhar. Não foi difícil aprender os hábitos dos macaquinhos da selva, de ficar o dia todo coçando o saco. Para completar, a fada lhe concedeu mais alguns dons: “A você Tripanácio, será concedido o mesmo privilégio que têm as borboletas e os pássaros de poder viver voando; vai poder também, saborear diariamente os refinados sucos dos canaviais, já destilados. A lingüiça você pode empurrar para seus conterrâneos, doravante você saboreará o especialíssimo “mignon” digno do pasto de reis e rainhas. E todos os partidos da cepa “da Selva” terão também um pequeno quinhão de seu prestígio...”
Esta história deve ter um outro final, mas acho-a tão singela, que é quase certeza que por mais alguns anos ainda hei de contá-la do mesmo jeito, sem mudanças, sem final triste para o Tripanácio, aliás, falando em mudanças, aqui me lembro... deixa pra lá.
Voltando ao início desta crônica penso que seria bom que nosso presidente deixasse um pouco essa síndrome de workaholic e caísse um pouco no samba. Que tal a Sapucaí? Pra mim seria uma possibilidade trabalhosa.— Para o presidente? — Uma moleza!
Quarta-feira, 1 de março de 2006 - 18:51