Um Caso Aparte
Dona Flor era uma senhora que trabalhava na casa de família da senhora Joselina.Cuidava da casa e dos jardins há mais ou menos vinte anos, quando caiu doente.Faltou uma semana e comunicou dona Joselina que retrucou dizendo que lhe daria as contas sem passasse mais de um mês,como passou.Eis que dona Joselina nem pagava o salário integral, não havia décimo, tão pouco férias e nem vale transportes, mas se achou no direito de usar de justa causa, para mandar aquela senhora embora.
Dona Flor, em casa, desempregada agora entregando a justiça a Deus, sentiu uma dor na vesícula e foi ao médico. Após as avaliações descobriu-se que era necessário operar. Ai então dona Flor, em consonância com o médico fez a operação na vesícula.
Uma semana depois começou a sentir febre, sua pele a amarelar e a pobre coitada a inchar, além é claro de sentir muitas dores. Após noites em claro a sua filha convenceu-a a voltar ao hospital. De imediato o médico de plantão disse que era caso de internação urgente. Após outros exames o médico constatou uma infecção e chamou a família para dizer que era caso de operação. A filha perguntou o que ocorrera, por que tinha que operar? Mas apesar da indagação ele não quis se pronunciar.
Passaram os dias e dona Flor se operou;
Operou-se de novo até que enfim chegou a notícia de outra operação. Na terceira operação, isso após cinco meses sem dona Flor gozar de saúde o médico resolveu informar que o caso de dona Flor fora uma infecção quase generalizada, pois o primeiro médico ao fazer a operação não drenou um líquido que sairá da vesícula, por isso que ela se encontrava muito inchada.
Um ano depois e a dona Flor não gozava saúde, muitas dores, muitos remédios e um inchaço a cada dia mais normal.
Chamaram a ambulância e dona Flor foi bater coitada no hospital. Entre um soro e outro, entre um remédio e outro, nova operação.
A família nem cogitou colocar na justiça, pois dona Flor na aceitou, entregou tudo nas mãos de Deus e do novo doutor.
Mais uns dias, enfim dona Flor melhorou e o médico se dando por aliviado deu a alta da paciente.
Isso foi numa quinta-feira, passou sexta, passou sábado e passou domingo...
Na segunda-feira dona Flor enfartou.
Hoje sua filha cobradora de ônibus chora com saudades de sua mãe, enquanto o médico e a empregadora curtem o sol de qualquer lugar desse país, sem se quer preocupar–se com justiça, pois que dona Flor antes de morrer havia pedido a filha para não mover nenhuma ação.