Não é fácil amar e perdoar

Um dias desses alguém, ao receber uma crítica a uma de suas manifestações, depois de agradecer aos elogios, “caiu de pau” sobre o crítico a quem rotulou de insensível e cruel. E para finalizar disse que iria continuar mostrando em temas livres, a vida como ela é (lembrei até de Nélson Rodrigues), “aceitando todos, como todos somos” (sic), exceto os insensíveis e que a estes não perdoaria. Evidente que nem todos são afeitos às críticas, mas, se alguém externa seus pensamentos, suas falhas, seus arrependimentos, tacitamente autoriza não somente elogios, mas também se obriga às críticas ou até censuras. Como aceitar a todos, como eles são, mas fazer restrições? Essa concepção me pareceu paradoxal, como a questão da quase grávida ou do quase honesto. Lembrei de uma mensagem que recebi e que diz que não se ama porque é fácil, mas porque é preciso, pois, se amar fosse fácil, não haveria guerras, crianças desamparadas, casamentos desfeitos, roubos e demais vicissitudes. E que Cristo não brincava quando pregou o amor. Refleti e concordei com a mensagem. É a falta de amor que dá lugar a traição, ao ódio, a vingança, a cobiça, ao egoísmo. O perdão é uma tarefa duríssima. De certa feita Pedro perguntou a Jesus se teria que perdoar seu irmão sete vezes, obtendo como resposta, não sete, mas setenta vezes sete. O Mestre ao ensinar a orar, conforme o tão recitado Pai Nosso, falava no perdão aos inimigos. É de João este ensinamento: “Se alguém diz: eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?”. É muito fácil gostar de alguém que gosta da gente. Mas, amar e perdoar, levar a cruz, como Ele ensinou, não é tarefa fácil, não é para qualquer um.