A bruxaria contra o Livro

Dia vinte e nove de outubro, Dia Nacional do Livro, foi um dia como outro qualquer, em alguns lugares chuvoso em outros ensolarado, sem grandes comemorações, ou melhor dizendo, sem nenhuma comemoração propriamente deita. Nas livrarias nenhuma menção ao dia, e ainda permaneciam vazias, enquanto que as casas que vendiam fantasias para o dia das Bruxas se enchiam cada vez mais.

Na TV, o fim do namoro de Luana Piovani com Donabella era mais importante que um livrinho do Bruxo do Cosme Velho, e olha que estamos na época de bruxarias. A crise econômica ganhou grande destaque, mas nada que se referisse ao aumento ainda maior dos livros nacionais.

Nos Orkut, um dos maiores sites de relacionamento da atualidade no país, a comunidade dedicada à Eloá já registrava mais de quinhentos e vinte mil pessoas, uma outra sobre livros nacionais contava com apenas vinte e cinco pessoas, a que contava com mais participantes sobre livros tinha pouco mais de noventa mil, sendo que o tópico que perguntava autor preferido, os estrangeiros ganhavam em disparada. Nem mesmo Paulo coelho Bateu a Marca de Eloá, ficou com pouco mais de sessenta e sete mil participantes.

Por falar em autores brasileiros, Rubem Fonseca, Augusto Cury, Monteiro Lobato, Vinicius de Morais, Drummond, Gregório de Matos, Lya Luft, Nelson Rodrigues, Ruth Rocha e tantos outros foram definitivamente esquecidos neste dia, o show ficou pra indicação de Kaká para o melhor do mundo da Fifa. Motivo desse esquecimento? Encontrei em uma conversa com minha irmã ao telefone, na qual ela me contava que a professora do meu sobrinho de dez anos indicou um livro para leitura e posterior trabalho em classe, a apresentação do mesmo foi básica: “é uma leitura rápida, de mais ou menos uma hora e meia, são apenas cento e poucas páginas”.

Agora a escolha de livros se faz pelo número de páginas e o tempo que se leva para ler as mesmas, como se leitura fosse apenas passar os olhos nas letras que formas palavras, e estas frases. O autor, a história, o gênero literário, não importa mais. Eis ai o esquecimento de tantos autores. Bem, pelo menos crianças ainda estão com acesso à escola, diferente da educação, a nível médio, de jovens e adultos da Rede Municipal de Juiz de Fora que está sendo extinta a partir do próximo ano.

Nesse patamar podemos considerar que nos anos posteriores não teremos um dia Nacional do Livro tão em branco, tão nulo, mas com várias manifestações com Nardones, Lindembergs, Tiagos e Carlos Robertos e por aí vai. Isso não contanto com aquelas pessoas que fazem da Internet seu único veículo de informação e conhecimento.

Talvez esse pensamento de que TV e Internet é melhor pra se aprender venha do custo das mesmas, afinal independente da crise econômica que assola o mundo, o preço do livro nacional ainda é alto, e este se torna um objeto supérfluo. Melhor gastarmos as economias com MP3, MP4, MP5 seguindo fielmente uma progressão aritmética aprendida em algum livro Nacional do gênero didático.

Lilian Gonçalves
Enviado por Lilian Gonçalves em 30/10/2008
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