Cena de um dia qualquer
Cena de um dia qualquer
Manhã qualquer de um dia qualquer
Rua de um bairro qualquer ainda quieta
Prenhe de esperança.
Tomando o café indispensável
Reflito no que me reservará, e ao mundo,
Este dia qualquer:
O vizinho carrancudo me sorrirá com um “bom-dia” cordial e sonoro
O dono do poodle branco, mais cuidado que muitas crianças,
Se esquecerá de parar no meu jardim
E seu cão não molhará meu ipê amarelo -“presente da Prefeitura”!
O trânsito fluirá fácil, fácil,
E também fácil, fácil, encontrarei vaga para estacionar.
Não verei nem serei vítima de violência.
As crianças serão alimentadas e os sem-teto, abrigados.
Perceberei o azul do céu acima dos edifícios,
Sentirei o calor do sol fugidio.
O mundo viverá um dia de paz no Oriente, na África,
Em qualquer parte.
Não haverá fome nem desemprego
E os pais vislumbrarão um futuro para os filhos.
Utopia? Fantasia? Uma ilusão qualquer?
Pelo menos, resta-me sonhar
E aguardar o despertar de um dia qualquer
Que talvez seja melhor.