Cena de um dia qualquer

Cena de um dia qualquer

Manhã qualquer de um dia qualquer

Rua de um bairro qualquer ainda quieta

Prenhe de esperança.

Tomando o café indispensável

Reflito no que me reservará, e ao mundo,

Este dia qualquer:

O vizinho carrancudo me sorrirá com um “bom-dia” cordial e sonoro

O dono do poodle branco, mais cuidado que muitas crianças,

Se esquecerá de parar no meu jardim

E seu cão não molhará meu ipê amarelo -“presente da Prefeitura”!

O trânsito fluirá fácil, fácil,

E também fácil, fácil, encontrarei vaga para estacionar.

Não verei nem serei vítima de violência.

As crianças serão alimentadas e os sem-teto, abrigados.

Perceberei o azul do céu acima dos edifícios,

Sentirei o calor do sol fugidio.

O mundo viverá um dia de paz no Oriente, na África,

Em qualquer parte.

Não haverá fome nem desemprego

E os pais vislumbrarão um futuro para os filhos.

Utopia? Fantasia? Uma ilusão qualquer?

Pelo menos, resta-me sonhar

E aguardar o despertar de um dia qualquer

Que talvez seja melhor.

Magali Crescini
Enviado por Magali Crescini em 29/10/2008
Código do texto: T1255329