Pornô sujo II
Eu via o agitado rebanho de urubus a crocitar na disputa da carniça sobre a terra, ao léu. Cada um desejava arduamente encontrar e mastigar o cérebro, na ilusão de se fortalecer e se tornar, quiçá, o urubu-rei! Todos tinham força física e a pompa de Sansão. Só lhes faltavam uma migalha de massa cinzenta e bem lustrar a plumagem alvinegra.
Foi então que me avassalou a incontrolada vontade de casquinar. Agasalhei a bunda lisa sobre a pedra grande e longe atirei, ao norte, um tico de borracha, retirado do lixão; ao sul, o teco.
Estourou-se e dividiu-se o rebanho rapineiro, como se fossem bois tolos fugindo do nada. Ou disputariam o primeiro lugar no matadouro?
Divididos e enfraquecidos, espalham gás de pimenta e pedem a deus para “ser feliz”. No céu, em raios causticantes, o aviso a quem sabe ler: Antígona sepultou Polinice!