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A ferida não sara. A ferida que não sara. Deu no Fantástico os estudantes de medicina, cuja festa de formatura foi realizada 40 anos depois. E Luis Paulo, o colega assassinado pelo Estado Brasileiro, finalmente foi homenageado pela sua turma. Tem ferida que, uma vez aberta, não sara jamais.

O meu primeiro romance, O Último Coronel, escrito há três anos, trata de uma ferida que não sara. O mesmo Estado Brasileiro, acima mencionado, confiscou todas as terras pertencentes aos meus parentes e provocou desesperança, desespero, morte, miséria e abriu feridas incuráveis que sangrarão para sempre.

Ainda que eu viva cem anos, nunca esquecerei o cavalo alazão de Vovô e o jirau, ao lado do fogão de lenha, de Vovó, lá no Retiro. A bondade de Manduca Pinto, então... Para sempre se perdeu entre os escombros da casa secular destruída pelos tratores do exército nacional.

Estou revisando o livro que trata dos estragos da ditadura militar nos confins do sertão cearense, e por isso não tenho escrito diariamente no Recanto das Letras. A ordem dada a mim por mim mesmo, é: primeiro a obrigação (revisar) e depois a devoção (o prazer de escrever livre e descompromissadamente). Concluída a revisão da revisão voltarei ao Recanto.

Meu desejo oculto, bem oculto, lá no fundo da alma, é deletar inteiro o romance. Mas, apesar de denunciar minha imaturidade literária, lhe tenho tanto apreço! Tem partes que me envergonham. Mas tem partes “interessantes e capítulos primorosos”, segundo um revisor. Será publicado futuramente num blog em construção.