Belas recordações

BELAS RECORDAÇÕES...

Tonha - antoniazilma@hotmail.com

Hoje, quando acordei, fiquei pensando: - Tive um sonho tão bom, não era para ter acordado agora! Depois voltei à realidade e, como de costume, agradeci a Deus por todas as coisas e entreguei minha vida, e tudo mais, a quem permeia a Ele.

Em seguida, recordei algumas das situações boas que já vivi. Lembrei das cartas que, por muitas vezes, algumas colegas pediam que eu escrevesse, de alguns vizinhos que pediam ajuda para redigir telegramas; ler cartas de familiares que moravam distante e depois, respondê-las; das vezes que brinquei de amarelinha na escola, das férias que sempre passava com os meus avôs no sítio; lembro bem que um dia estava inocentemente tomando banho num açude – mais a minha prima –, quando de repente, avistamos uma cobra descendo sobre uma árvore e saímos correndo com as roupas na mão.

Ainda bem que éramos crianças naquela época!

Lembro ainda que, um dia minha prima pediu que eu passasse o ferro num short de cetim de ceda, para ela usar no início da tarde (o ferro era daqueles onde se colocava carvão incandescente que virava brasas), sendo, prontamente, atendido o seu pedido. O resultado foi um desastre! Do jeito que era o formato do ferro, passou a ser o desenho no short: o tecido ficou pregado no ferro.

Ainda no sítio, enquanto nossos avôs estavam dento de casa, tivemos a brilhante idéia de montarmos a cavalo. Para isso então pedimos ajuda a um colega que morava do outro lado da porteira. Foi bom demais! Saímos bem devagar, mais perdemos o controle e caímos cada uma pra um lado e ainda levamos uma bronca daquelas! Ficamos de castigo, mas depois comecei a fazer cafuné no meu avô e ele começou a sentir sono, quando acordou, nos tirou do castigo.

Se na infância apreciava a leitura, na adolescência me encantava mais ainda com os textos que lia e as histórias que escrevia. Gostava muito de ir ao parque, participar das catequeses religiosas, ler revistas e jornais, a bíblia, estudar as disciplinas em todas as áreas, construir histórias para representações cênicas na escola, assistir filmes românticos, de trama e de suspense.

Recordo quando assumi uma sala de aula pela 1ª vez: tinha quinze anos de idade, estava cursando o segundo grau (cheia de sonhos!) e queria que meus alunos fossem responsáveis nos estudos como eu era. Eles tinham que aprender, tinham que ler, criar textos, saber as quatro operações, fazer os deveres de casa e trazer textos variados pra trocarem com os colegas.

Como fui autoritária! Na verdade eu queria que aprendessem e que passassem de ano, mas era eu que precisava aprender a ensinar. Com o tempo vi que pelo contexto em si, valeu a pena.

Durante o ensino médio, lembro de um professor de Processamento de Dados, que durante toda a aula, olhava muito em minha direção. Encabulada, perguntei pra ele: - Professor, por que você me olha tanto? O que foi que eu fiz? Ele com um sorriso maroto me respondeu:

- Nada querida! É que você tem um olhar 43. Também observei você me olhando assim meio de lado...

Perguntei pra ele: - mas o que é um olhar 43?

Antes que ele respondesse, a colega que estava sentada ao lado foi logo dizendo: - garota deixa de ser boba! Você não percebeu que o professor está lhe paquerando, não?! Por acaso, nunca ouviste a música do RPM?

São muitas a lembranças, mas nada me emocionou mais na vida de que ouvir o choro dos meus filhos na hora do nascimento de cada um deles, o alívio e a alegria de ser mãe, de conceber a vida.

Outra sensação muito boa foi à notícia de ter passado no vestibular e no Concurso Público para Professores da Rede Estadual; lembrar dos alunos que passaram por mim e hoje são concursados, assim como eu, é se fazer feliz duas vezes.

Durante esta trajetória, enfrentei coisas difíceis, entretanto, todas superáveis, prefiro não fortalecê-las com lembranças, para não atraí-las de volta. Às vezes recordo sim, da palavra amiga, do olhar sincero, do abraço apertado e carinhoso, das boas gargalhadas, da serenata, do ar puro do campo, da professora aprendiz, da confiança e afetividade dos meus alunos de Ensino Fundamental, dos bilhetes e das homenagens que me faziam, da carreira que meu filho mais velho dava pra me encontrar quando voltava da escola e da universidade.

Enfim, por tudo isso e muito mais, considero-me uma pessoa feliz, de ser capaz de filtrar o que me faz crescer como pessoa, sorrir e agradecer cada momento, como se fosse o único.

Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 26/10/2008
Reeditado em 14/09/2022
Código do texto: T1249492
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