Admirável Mundo Verde
Começar a coluna falando de negócios? Desenvolvimento? Internet? Não. Não resisti a mais essa chance de quebrar o protocolo.
Vou falar de amor e ódio...
...e eis que nessa manhã cinzenta, cumpri uma promessa feita e refeita nos últimos anos, e que até ontem me colocava na lista dos auto-inadimplentes.
Levei meu corpitcho para a academia.
Logo de cara fui apresentado a duas figuras nefastas que provavelmente atormentarão minha vida nos próximos meses: a esteira e a bicicleta ergométrica. Depois de mais de 40 minutos andando tal qual um dromedário desorientado, me dei conta de que o dia seria longo, e só relaxei ao perceber que, apesar de todo esse esforço hercúleo a que estarei condenado, haverá uma recompensa à altura. O desfile de semideusas pelo salão me fez acreditar que o supino, a rosca direta e o extensor serão mero coadjuvantes nessa jornada.
Ao meu lado, um amigo de trabalho afeito à morbidez se manifestou de maneira cruel e insensível:
- Vamos lá, não para não rapaz. Tem que sofrer - vociferou de sua esteira em altíssima velocidade.
Como que não tivesse escutado o seu comentário ultra-masoquista, fixei-me na imagem da morena a minha frente, que além de espalhar graça e sensualidade, mostrava que o corpo humano é realmente uma máquina impressionante.
Em seus exercícios de alongamento ela colocava seu calcanhar no pescoço dando a impressão que nunca mais desataria aquele nó.
Em meio a dores e incômodos próprios de quem é submetido a este tipo de sessão de tortura, segui para a agência tentando me esquecer das orientações quanto ao consumo de rúcula e barra de cereais.
Correria para implantação de projetos.Telefone tocando sem parar.Stress estabelecido.
E é claro que a última coisa que eu penso é no alface.
Mas... ao ligar o computador, recebo o e-mail de uma leitora que pergunta onde comprar meu último livro. E mais. Me diz que, caso eu retorne a Brasília, ela faz questão de convidar-me a conhecer a sua mais que famosa Lazanha de Camarão.
Isso sim é um convite de uma pessoa que tem coração! Um brinde àqueles que promovem a alegria alheia!
Basta de médicos xiitas que querem me convencer dos benefícios da berinjela e de namoradas vaidosas que falam o tempo todo de gordura trans! Será que não basta o Dr Dráusio Varela para me atormentar todos os domingos?
Os anos de literatura e jornalismo me impingiram a rotina de viver sentado à frente de um computador e agora me cobram com juros e correção...
Pausa para pensar no que vou almoçar...
Trabalhando com comunicação, ao longo dos anos compreendi que a premissa de que a “Imagem é tudo” é imprescindível para fundamentar pessoas, marcas e iniciativas.
Então por via das dúvidas vou pedir beterraba, cenoura e couve flor para o almoço, e repousá-las em meio a um admirável mundo verde de alface e rúcula.
Afinal, a tal morena contorcionista não deve gostar de gorduchos, não é mesmo?
(Extraído da coluna do autor no site da agencia de comunicação RedCafé - "www.redcafe.com.br")