PRECAUÇÃO INDEVIDA

PRECAUÇÃO INDEVIDA

Eu tenho uma amiga muito bem casada. As viagens que o esposo faz a trabalho que são freqüentes, são motivo para tornar mais intenso o amor que os une.

Ela aguarda o “Bem”, como o chama carinhosamente, sempre com uma surpresinha providencial. Um jantar a luz de vela, uma camisolinha nova, um vinho especial. Ele retribui o carinho dessa recepção calorosa com presentes. Jóias, perfumes, lingerie e tantas outras coisas que as mulheres adoram.

A última viagem do “Bem”, demorou muitos dias. E sua “Santa” esposa aguardou com ansiedade o retorno do maridinho. Imaginava os abraços e beijos, tentava adivinhar o presente que ganharia, mas também estava preocupada em preparar a surpresa da chegada.

Queria fazer algo diferente, inovar. Comprou uma revista feminina que dava algumas dicas de como arrumar o quarto, de como se vestir, que perfume usar, o que beber e comer, mas tudo isso ela já tinha experimentado. Uma vez até se vestiu de Odalisca e dançou a dança do ventre com muito glamour. Já chegando na última página da revista encontrou uma sugestão bem interessante : Dê de presente para seu marido um cueca ou um pijama com a marca de seus lábios. Comprou um lindo pijaminha de seda branca, e beijou com a boca bem pintado de batom vermelho, deixando a marca dos lábios em diversos lugares. Esse seria o presente que lhe daria de chegada e que ele deveria vestir para o início de uma noite encantadora.

O “Bem” chegou. Abraços e beijos, carinho pra lá, carinho pra cá. Jantaram e a expectativa de ambos continuava. Ele querendo saber o que ela tinha preparado dessa vez e ela curiosa. Que presente ele trouxe para mim?

O jantar transcorreu com muita conversa, cada qual contando as novidades e adentram para a alcova. Enquanto ele foi ao banheiro ela estirou o pijaminha cuidadosamente na cama e se ausentou do quarto para buscar o vinho.

Nesse ínterim ao sentar-se na cama o “Bem”, viu o pijaminha com marcas de batom e ficou atrapalhado. Não entendeu nada. Como aquele pijama estava assim em cima da cama? Será que a sua esposa tinha deixado ali de propósito para provar que ele tinha lhe traído na viagem? A safada da rapariga que tinha dormido com ele na noite anterior teria feito isso de propósito para infernar sua vida conjugal?

Sua cabeça ficou atrapalhada, a mil como se diz popularmente. Será que a esposa tinha se retirado do quarto apenas ou teria ido embora para a casa da mãezinha?

Diante de tantas interrogações só uma coisa tinha certeza. A prova do crime teria que ser destruída. Pegou o pijama, levou até a pia do banheiro, e esfregou com intensidade, utilizando bastante sabão para tirar todas as marcas do batom. Ao escutar o tim-tim das taças enquanto a sua amada esposa punha o vinho para ambos, percebeu que tudo estava em paz e não deixou que ela perguntasse pelo pijaminha. Abraçou, beijou e fez acontecer. E na hora do descanso ele pois na orelha dela um lindo brinco de brilhante que tinha trazido da viagem e ela lamentava que não tinha dado tempo dele ter vestido o pijaminha cheio de beijos que ela preparou de surpresa para ele. Ah! Que alivio, então era isso!

Explicar no dia seguinte como o pijaminha se encontrava na pia do banheiro todo molhado, ensaboado, era a questão.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 26/10/2008
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