MEDO e NÃO MEDO

MEDO e NÃO MEDO

Neste sábado e neste momento que começo a escrever quero dividir com você que está fazendo esta leitura a minha alegria. Pois se você está lendo cada palavra que vai saindo escrita expondo o momento, você caro amigo cujos olhos estão vendo estas letras irem acontecendo está partilhando comigo a leitura número QUINHENTOS dos meus escritos aqui no Recanto das Letras. Para mim te confesso que isto é um grande e lindo acontecimento e não sei o quanto, é demais.

Querido leitor, permita-me tratá-lo assim, pois o sentimento que sai junto com a palavra é de amor mesmo, amor por mim, amor por você que faz esta leitura, amor pela vida que nos surpreende a cada dia, a cada momento, tão rica e nova ela é. É do seu feitio, ela sempre está nos dizendo alguma coisa nova e inesgotável é o seu repertório.

A vida é o contrário da morte. A morte é sucinta, ela é e pronto, é definitiva. Mas a vida, amigo leitor, é uma novidade sempre, e por este doar de novidade e perspectivas ela abre um vasto campo à nossa frente, à nossa imaginação, à nossa reflexão, à nossa evolução, às nossas realizações e ao nosso repouso quando dele precisamos, e às nossas ações, ao conjunto de fatores que nos motivam e nos levam a uma mudança constante de valores e pontos de vista. Este é o sabor da vida e por isto ela é uma dádiva que agradecemos todo o tempo por merecê-la e nos é dada, dada de graça sem nada nos cobrar, é fantástico.

Vida e morte nos dão o medo também. Eu acho que a vida nos dá um medo positivo e encorajador, pois ela essencialmente é feita de fé em si mesmo e nela. Medo porque é preciso coragem de expor-se e de vivê-la. Tenho lido muito os nossos escritores aqui do Recanto e vejo testemunhos de coragem em expor-se. Expor o seu duvidoso valor, ou o seu verdadeiro valor, expor-se através da palavra. A palavra já está dita, não tem retorno, Isto é um ato de coragem, é um desnudar-se e é lindo por esta coragem. Também a palavra é linda porque ela é generosa nesta exposição de si que a escrita faz para que qualquer um a julgue como for do seu feitio, e permite que exponha a sua beleza sem constrangimento e sem necessidade do julgamento dos outros, pois já sai livre do julgamento do seu próprio arbítrio. Isto é confiança. Isto é a fé em si mesmo. A palavra é força, pois ela também quando se atira ao papel ela se lança ali sem roupagem nenhuma numa nudez de alma, de sua essência mais secreta, na coragem de não ser mais secreta. Olha só, a fé é confiar em si mesmo, em suas passadas, em suas mãos e no que fará com elas, é a segurança de sair, ser e fazer. Sem máscaras desnecessárias, sem escudos de defesa, sem explicações, afinal não deve nada a ninguém e tem pensamento próprio, único, particular, e é mais forte que qualquer coisa que venha de fora de você. É confiar na vida.

Já a morte dá medo também, porque é mistério. E mistério é o desconhecido, é o não sabido. Tudo sobre o que a gente não tem conhecimento gera medo. Quando a gente é criancinha e sente medo, é a insegurança pelas limitações do ser indefeso, então corremos para os braços da mãe ou do pai ou de um lugar seguro. Mas a vida, generosa e rica como ela é vai ensinando paulatinamente na medida de nossas necessidades. Daí, adquirir conhecimento ao longo da vida se faz tão necessário. Eu não me atrevo a tecer idéias e considerações diante do mistério. Deixo isto aos filósofos, pensadores e religiosos, Não é a minha área. Fico no meu espaço de entendimento. E tenho visto que a coisa mais confortável que é, é você confiar no seu próprio nariz. Pois cada um de nós tem um ritmo diferente do outro, uma vivência de conjunto de fatores tais tão particulares, assim como a impressão digital. Só você tem a sua. Só eu tenho a minha.

Eu não tenho medo da morte. E nem a menor curiosidade, só peço a Deus que me dê mais anos de vida, pois agora estou escrevendo e a vida ficou melhor ainda. Eu a respeito e a aceito, pois que é inevitável. E não tem nada demais, a gente vira natureza apenas. Só. Só não tenho curiosidade nela e nem me interessa o mistério dela, pois a vida se nos apresenta com muito mais atrativos, e se tem mistérios, estão ao alcance de desvendá-los, é só correr atrás dos conhecimentos. Mas a morte é tão misteriosa quanto a flor, que nasce de uma semente, de um botão, depois exibe uma cor, uma beleza e um perfume único e depois retorna à Natureza restabelecendo o equilíbrio universal da natureza, coisa que se chama harmonia ou equilíbrio. Parecido com paz.

Querido leitor do Recanto das Letras você está comemorando comigo a leitura número QUINHENTOS dos meus escritos, você está me dando este presente, esta homenagem, você esperava por esta? Não é lindo? Um abraço e um bom dia!

MLuiza Martins