História de Uma História

Uma vez eu me lembro de ter ouvido uma carta de amor expressa em uma música: “essa não é mais uma carta de amor, são pensamentos soltos traduzidos em palavras (...)”.

Essa também não é mais uma carta de amor, é a história de uma história.

Depois de tanto tempo fiquei pensando no que significava o amor para mim, porque cada pessoa cultiva dentro de si o amor de um jeito particular.

Minha natureza feminina aliada ao meu romantismo incurável, não permite que minha vida seja um vazio de amor feito um vaso sem flores. A vida sem amor perde o sentido e passa a ser apenas existência, e eu não queria continuar apenas existindo.

Há muitos anos, diante de experiências não tão boas vividas em relacionamentos que se desgastaram por tantas razões, confesso ter me entregue à incredulidade. Ficava me questionando a respeito, querendo saber como seria quando o amor chegasse outra vez, e em muitas ocasiões duvidei que voltasse a tê-lo perto e dentro de mim de novo.

Fechei-me feito uma concha. Trabalhei como nunca, revertia tudo aquilo que eu havia guardado, em prol das minhas atividades e pelos seis anos seguintes assumi cargas horárias de trabalho contínuo, como se quisesse me punir ou me curar, não sei bem.

As melhores coisas que podem nos acontecer, geralmente surgem em dias comuns, da forma mais simples e inusitada, contrariando todas as estatísticas e pondo a prova tudo aquilo que havia sido planejado.

Um dia perdido no calendário... Uma foto... Um sorriso.

Não era apenas um homem que sorria para mim naquela foto, era a vida me convidando a sorrir e a escrever uma história diferente de todas as outras.

Da virtualidade à realidade foram quatro meses de muita conversa e de boas risadas, com o propósito de alinhar idéias, de compartilhar pensamentos e talentos comuns.

O dia do encontro de verdade, na constatação de que éramos de carne e osso, foi para mim um divisor de águas. Aquele perfil no qual parei meu olhar, aquilo tudo que senti em poucos segundos... Uma cascata de pensamentos ora ordenados, ora confusos... A vida me deu o sinal e eu, no meu estado de mais profunda lucidez, pulei e mergulhei despojada de mim mesma, como se nascesse de novo.

Um dia após o outro e fui aprendendo a viver por amor a experiência mais incrível que eu poderia experimentar. Mesmo ouvindo muitas opiniões contrárias, continuei firme em minha escolha. Não existe nada que possa desviar-me desse caminho.

Durante esse tempo de convivência, aprendi tantas coisas todos os dias. Principalmente a ter paciência comigo, com minhas limitações.

Aprendi a esperar o tempo do que é importante e que aquilo que eu desejo, nem sempre é possível naquele momento, porém nem por isso eu preciso me revoltar ou maldizer a vida.

A maioria das pessoas não consegue entender minha maneira de amar desprendida, sem esperar reciprocidade. Condenam-me e julgam minha decisão e insistem em me perguntar como posso contentar-me com migalhas. Não me importo, e tudo o que eu queria nessa vida era que todos pudessem experimentar isso um dia.

Hoje, esse amor é tudo de mais precioso que cultivo, porque foi um amor que nasceu como fonte de devolução. Devolveu-me a vida, o sorriso, a capacidade de doar o que eu tenho de melhor recebendo em troca uma porção infinita de sorrisos, de confiança e companheirismo.

Escolhi sem duvidar amar incondicionalmente, vivendo a experiência da amizade mais sincera que já pude dedicar a alguém até hoje.

Muitas vezes eu renunciei a mim mesma para viver um falso amor.

Esse me ensina todos os dias que eu não preciso renunciar a mim para ter ninguém. Aprendi que as pessoas ficam ao seu lado porque querem e não porque você as aprisiona. Aprendi que devo falar quando minha opinião for solicitada, mas que minha disposição para ouvir deve ser muito maior. Aprendi a ser tolerante e muito mais paciente.

Aprendi que não devo ter medo de dizer que amo e que demonstrar amor não precisa de esforços grandiosos: um sorriso, um afago, um chocolate como surpresa. Amar é divino.

Eu jamais imaginei que pudesse amar integralmente. Despretensiosamente.

Benção dos céus, presente de Deus, esse homem que também sabe amar porque se deixa amar (como dizia a canção:... “saber amar é saber deixar alguém te amar”), é sim meu grande amor e o melhor amigo que eu poderia ter ao longo da minha história. Porém, nesse momento,ele é muito mais que isso.

É o mestre que me ensina a valorizar todos os dias aquilo que realmente importa: que nenhum ouro desse mundo vale a felicidade de ter alguém para amar de verdade, e que mais importante que qualquer contato físico é a união dos espíritos e a cumplicidade das almas.

Fernanda Vaitkevicius
Enviado por Fernanda Vaitkevicius em 25/10/2008
Código do texto: T1246984
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