Desculpe-me: falta inspiração

Já escrevi em duas dezenas de folhas, mas nada saiu. O que foi produzido julguei ser imprestável, um lixo, pouco para bons leitores. Meus leitores merecem mais. Não devo subestimá-los. Nunca faria isso. Mas estou vivendo um período de abstinência textual produtiva. Não sai nada. O que sai vai para o lixo. Não é um texto de verdade, tecido, confeccionado com as honrarias peculiares aos clássicos. Já leram as crônicas do eterno e lírico Rubem Braga? Fico com vergonha quando apresento estes textos opacos, sem brilho, sem vida. Que falta faz a inspiração. Rica, cheia de argumentos, composta de filigranas. Ela vive. Está próxima. Não sei se vou encontrá-la. Está difícil.

Eloá foi assassinada pelo descontrole emocional de seu ex-namorado e o despreparo de nossa polícia, eu nada escrevi, publiquei um texto de poucas linhas, sem novidades, simples. A Bolsa de Valores sobe e desce e eu aqui sem nada escrever. As eleições estão próximas do desfecho, o Segundo Turno é no domingo (26) e os meus leitores sem a minha opinião. Assassinaram minha inspiração. Onde se encontra Camões que não canta mais?Fernando Pessoa, Machado de Assis, Lima Barreto, Mário Quintana fazem falta.

Desculpe-me: hoje não consegui escrever. Espero ter sorte, ou seja, inspiração da próxima vez.

Sergio Santanna
Enviado por Sergio Santanna em 24/10/2008
Código do texto: T1246758
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