PLOFT...PLOFT...PUM!
 
Antes que você me pergunte o que vem a ser PLOFT, PLOFT, PUM, eu lhe recordo que em minha crônica, XI, XÓ...LIGUE DJÁ!, eu informei que esse tipo de palavra pertence ao grupo das onomatopéias, ou seja, “vocábulos cujas pronúncias imitam o som natural do fenômeno que representam”.
 
Os sonoplastas e a juventude que vive nos MSNs ou Orkuts da vida conhecem-nas bem, as utilizam e as reinventam constantemente. Mesmo distante dessa faixa etária, também eu dou minhas cacetadas e escolhi o título da crônica de hoje com onomatopéias bem conhecidas.
 
Voltemos, então, à crônica propriamente dita.
 
Recentemente, ao participar de um curso em BH, com umas 30 pessoas provenientes de várias faculdades e universidades do Brasil, detive-me observando a figura de uma sujeita de aproximadamente 1m e 60cm de altura, manequim 50 no busto e 42 no quadril, toda vestida e calçada na cor verde.
 
O que me chamou a atenção não foi exatamente a sua aparência de alface, mas a sua tagarelice. Sabe aquelas pessoas descendentes de Magda (personagem de antigo programa televisivo de humor chamado “Sai de Baixo”)? Aquelas que falam demais e só perguntam besteiras? Pois bem, a “sabida” devia ser cunhada do Kako Antibes (marido da Magda). Quando estávamos todos concentrados nas explicações do professor, éramos interrompidos com suas perguntas sobre algum ponto que já havia sido enfatizado há uns dez minutos.
 
Durante o intervalo para o lanche, enquanto eu bebia meu cafezinho, observei que a boca nervosa que ela usava para falar demências, também era utilizada para devorar biscoitos e sucos.
 
Acho que meu café continha veneno, porque ao retornarmos à sala, senti minha barriga doer. Aguardei um momento propício e rumei para o sanitário. Ao ali chegar, observei que só havia dois boxes, e que sob a porta de um deles havia um par de sapatos verdes e as pernas arriadas de uma calça da mesma cor. Só poderia ser a “Magda”. 
 
E agora, o que fazer? Minha dor era aquela mesma de quem está precisando expelir um flato, mas... e se ele saísse sonoro ou fedido? Pior: e se ele viesse acompanhado de outra coisa aquosa ou endurecida? Sentei-me silenciosamente no “trono”, e fiquei torcendo para que a espadaúda acabasse logo o seu serviço, para que eu pudesse fazer o meu.
 
Os minutos passavam e nenhuma de nós ousava fazer as onomatopéias. Eu, ainda que estrangulando o bendito que me retorcia a barriga, tranquei a “chaminé” e pensei: tenha garbo e elegância, Norma! “Segura a onda”, querida!
 
Uns cinco minutos depois ela perdeu o desafio imposto pelas necessidades fisiológicas, pois eu escutei: PLOFT! E após uns 5 segundos, outro PLOOOFT.
 
Daí, não me contive e soltei meu estrangulado e sonoro PUUUUM!
 
Levantei-me rapidamente para não dar o gostinho de ela saber quem era sua companheira de infortúnio, mas ao chegar à porta fiz questão de, galhofeiramente, cantar: PLOFT, PLOFT, PUM em ritmo da música Plunct, Plact, Zum de Raul Seixas.
 
Se eu não tive vergonha de fazer isso? Ora, além dela nem conhecer a minha voz, eu sou aquela que um dia, no aeroporto, estendeu a mão para o recém falecido deputado Enéias e disse: Prazer! Meu nome é Nooorrrrrrrma.