O NOVO GOLPE

Plínio após anos e anos trabalhando numa repartição pública, aposentara-se. Agora, sim! Já podia saborear o gostinho de levantar-se mais tarde; e de bermuda e camiseta, coisa que só podia fazer nas férias. A vida transcorria maravilhosamente. Plínio estava de bem com ela.

Com o passar dos dias, dona Marieta, a dedicada esposa, começou a implicar com o aposentado Plínio. Reclamava de tudo; se o marido estava na sala lendo o jornal sossegadamente ela resmungava; se ele entrava na cozinha querendo “beliscar” algum petisco, ela também reclamava, a nova vida que tinha começado tão bem, já não estava tão boa assim.

Plínio passou a freqüentar o boteco da esquina. Passava horas e horas jogando sinuca e conversando com os novos amigos,

Dona Marieta bradava aos quatro cantos que não tolerava homem sem fazer nada dentro de casa; praticamente empurrava Plínio para a rua.

Certo dia o velho aposentado atendendo a dona Marieta foi ao mercado comprar verduras, legumes etc.

Dirigindo cuidadosamente estacionou seu carro na área privativa de clientes e passou horas fazendo compras. Assim que saiu carregando várias sacolas, foi abordado por duas garotas muito sedutoras, vestidas de forma a acentuar seus encantos.

Elas aproximaram-se de Plínio que estava guardando as compras no porta-malas e se apresentaram como “demonstradoras”.

Pediram licença e começaram a limpar o pára-brisa com a esponja e um produto que diziam ser lançamento recente e que dispensava água.

Debruçaram-se sobre o capô do carro de Plínio, os seios das duas meninas praticamente saiam pelo decote de suas camisetas e para Plínio era impossível não olhar, mais que isso, ele ficou abobalhado, distraído, absorto”.

Os reduzidos shortinhos, colocavam à mostra as arredondadas popas das meninas.

O aposentado estava encantado com a inesperada exibição, também pudera, após a chatice que é fazer compras em mercado.

Provavelmente, para se vingar da esposa, que o enviou às compras, Plínio ofereceu às moças uma bela gorjeta, que elas recusaram. Afinal, estavam trabalhando e eram remuneradas pela empresa. Aceitariam, entretanto, uma carona, se ele fosse passar perto de um outro supermercado.

Plínio, que iria na direção oposta, caiu na tentação de ter as duas dentro do seu carro, só para recordar os bons tempos em que as garotas choviam no seu banco da frente. Ou no de trás.

Claro que não custava nada levar as meninas. Afinal, era perto, logo ali e ainda nem passava das sete da noite. Ele tinha muito tempo livre pela frente, uma hora, no mínimo, antes de retornar ao conforto sufocante do lar, para carregar sozinho todas às sacolas até o terceiro andar, sem elevador e ainda ouvir os lamentos de dona Marieta.

Seu desconsolo, contudo, aconteceu logo depois, mas nem reclamou, quando as duas garotas que ocuparam o banco de trás. Só que, no caminho elas começam a se beijar e percorreram todas as etapas (todas, mesmo) indicadas no manual básico que moças assim costumam seguir.

Nessa altura, Plínio reduziu a marcha, para observá-las melhor, quase atropelou um cachorro e ficou maravilhado ao ver que uma delas, a mais ativa, saltou para o banco da frente e transferiu para ele os carinhos que fazia na outra. Se não é o paraíso, do que se trata, então? Isto é o que ele pensou, claro, pois as meninas tinham outros planos.

Uma das garotas o enlaçou pelo pescoço e começou a beijá-lo e a acariciá-lo freneticamente levando Plínio a loucura.

Plínio revirava os olhos e gemia extasiado. Era a glória. Há quanto tempo passava por isso!

Enquanto o aposentado viajava ao paraíso e nem pensava em voltar, a menina do banco de trás, retirou mansamente a carteira que ele havia guardado no bolso, à vista das duas.

Ao chegar ao local determinado pelas duas garotas, elas se despediram de Plínio com beijos a promessa de um novo encontro. Maravilhado o aposentado foi embora sorridente sem perceber o furto. Mas sentindo-se vingado de dona Marieta.

É a vida...