SORTE OU AZAR, O TEMPO É QUE DIRÁ!
Acredito, sinceramente, que nascemos com um talento dado por Deus, como se fosse um dote para sobrevivermos. Alguns de nós, porém, o subaproveitamos ou nem chegamos a descobri-lo.
Acredito, sinceramente, que nascemos com um talento dado por Deus, como se fosse um dote para sobrevivermos. Alguns de nós, porém, o subaproveitamos ou nem chegamos a descobri-lo.
Por volta dos 17 anos, como se não bastassem todos os conflitos comportamentais, gerados por questões hormonais, os jovens ainda têm que decidir os cursos superiores que farão. Nesta época, nem sempre prevalece a voz do coração, e sim a da família ou as dos amigos.
Exatamente por amar seus filhos e por desejar-lhes “um futuro promissor”, muitos pais os incentivam a escolher carreiras capazes de garantir o que consideram “sobrevivência digna”. Em seus entendimentos, a almejada dignidade virá mais facilmente para aqueles que optarem pelas áreas de Saúde ou de Exatas.
Tudo perfeitamente compreensível e aceitável até certo ponto, mas há que se considerar uma outra face desta questão: o sofrimento dos alunos que estudaram seriamente, mas não passaram nos cursos considerados nobres nas universidades federais.
Minha longa experiência educacional me ensinou que a auto-estima dessa moçada costuma ir para o beleléu e ficar por lá por um bom tempo. Esses jovens passam por uma dolorosa purgação, até que conseguem se recobrar e encontrar forças para continuar lutando por um sonho que, às vezes, não é o deles.
Também penso na alegria das famílias dos jovens que passaram nos vestibulares de cursos considerados nobres. Esses ouvem elogios, sopram os confetes, lêem seus nomes em jornais, faixas e outdoors. A maioria desconhece ou nunca refletiu sobre a estorinha que, uma vez mais, narro para você, meu leitor:
“Era uma vez um jovem que ganhou um cavalo e o levou para casa. A vizinhança foi visitar seu pai para elogiar a sorte do filho. Diante disso, seu genitor lhes disse: “SORTE OU AZAR O TEMPO É QUE DIRÁ!”. Algum tempo depois o cavalo fugiu, o filho ficou muito triste e os vizinhos voltaram para lamentar e dizer que seu filho tivera muito azar. Uma vez mais o pai encerrou a conversa repetindo o mesmo adágio: “SORTE OU AZAR O TEMPO É QUE DIRÁ!”. Meses após isso, o cavalo reapareceu trazendo consigo um bando de cavalos selvagens, e o filho conseguiu prendê-los. Voltaram os vizinhos para elogiar a sorte do filho e ouviram do pai o mesmo entendimento sobre sorte ou azar. Um dia, ao tentar domar um dos cavalos, o filho caiu, quebrou a perna e ficou aleijado. Adivinha o que a vizinhança fez? Isto mesmo, voltou para lamentar o azar do filho e escutar a mesma afirmação do pai: “SORTE OU AZAR O TEMPO É QUE DIRÁ!”. Algum tempo depois, houve uma guerra naquelas bandas, todos os jovens do local foram convocados para lutar (e morrer), exceto o rapaz que, por ser aleijado, foi poupado.”
Numa analogia com essa estória, eu lhes pergunto: O que será que estão sofrendo as famílias dos engenheiros, geólogos ou sei lá quem mais, responsáveis pelo desabamento do trecho da linha do metrô que desabou em São Paulo? Orgulho? Vergonha? Pesar? E os familiares daquela jovem médica capixaba que aleijou várias pacientes com uma técnica chamada lipolight?
É claro que fatalidades existem, mas nem sempre elas são as causas. Às vezes o problema é de caráter ou de berço, mesmo. O que dizer daquele juiz (Lalau) que desviou não sei quantos milhões da quantia destinada à construção do Tribunal de Justiça de São Paulo? E do Sérgio Naya ( Pallace II), do Marcos Valério (mensalão) e tantos outros profissionais e políticos, que conseguiram indignar a nação?
Em síntese, nem sempre um belo título ou uma brilhante carreira significará que a pessoa estará perto da felicidade ou livre da vergonha. Então, meu leitor, na próxima vez em que lhe acontecer algo que você considere como sorte ou azar, não se esqueça de que no intervalo entre este e aquela há o tempo e ele é mutável.
Não há certeza científica no que direi, mas penso que os descontentes com suas profissões acabam muito mais sintonizados com o azar do que com a sorte. Sentindo-se azarados, costumam ser desonestos, mal amados e mal educados. Na condição de infelizes, eles não querem ficar sozinhos, então não perdem a oportunidade para infelicitar outras pessoas. Como o que aqui se planta, colhe-se aqui, suas maldades voltam para eles mesmos em forma de azar e o ciclo continua até a morte.
Viu por que a escolha profissional pode melhorar ou piorar o mundo?