Voz da Alma durante o transe
Experimento hoje algum tipo de mudança profunda. Queria de verdade que durasse mais instantes o contato com a dor e com a alegria e com o sentido de tudo. Por um instante e sob uma intensidade jamais experimentada antes, eu me ajoelhei no centro do mundo. E vi o rosto de cada um que existe aqui. Eu rezei. E deixei as lágrimas dizendo em silêncio a reza dos olhos fechados. Reza sentida. Abandonei o mundo pequeno que a minha cabeça constrói e voei por segundos eternos.
Experimentei por instantes eternos um amor incondicional por tudo. A música me segurou e me levou para o mundo feito somente do que se sente. Esse mundo não é feito de belezas, mas de verdades. Onde cada coisa é o que é.
Na vida é assim: quanto mais a gente se debate, mais deveria estar chorando pelo mundo e experimentando alguma paz pelo amor e pela música. Mas eu ainda me debato. Me machuco entre as paredes, viro parede e depois que choro é que acesso as verdades. Nem boas, nem ruins: verdades.
Nesse mundo que eu visitei, não tem bom não tem ruim. Não tem melhor, mais rápido, mais lento. Lá só existe o que as pessoas sentem umas pelas outras. Como elas se ligam e como os animais, que são os anjos desse mundo, respondem e bancam as suas dores.
Os animais respondem por toda dor humana. Os animais, unidade inocente deste mundo físico, recebem os resíduos da dor humana. Eles que são nosso descanso, nossa inspiração porque com eles não precisamos ser ou fazer nada. Com eles, somos simplesmente. Com eles vivemos o silêncio e comunicamos perfeitamente as coisas simples que as palavras dão voltas e voltas para dizer.
Os animais cuidam uns dos outros. Não se importam com tamanhos, cores, tipo sangüíneo, classes. Eles sabem ser livres.
Voei para chegar maior...